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Manchas na pele – tudo o que você precisa saber sobre o assunto

As manchas são partes da pele que apresentam uma aparência fora do normal quando comparadas com a pele ao seu redor. Em geral, surgem em locais comumente expostos ao sol, como rosto, mãos, braços e ombros, por estarem ligadas a ação dos raios UV sobre a epiderme. 

Podem aparecer em qualquer fase da vida, no entanto, são mais comuns com o avanço da idade, a partir dos 30 anos, o que não quer dizer que pessoas mais jovens não podem tê-las caso passem muito tempo expostas aos raios solares. 

Na maioria dos casos, as manchas causam apenas o desconforto estético, como é o caso do melasma, contudo, são um indicativo de que algo não está bem e merece a sua atenção. 

Continue lendo o post, entenda quais são os principais tipos de manchas na pele, como se manifestam, tratamentos e como prevenir. Acompanhe!

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Doenças que causam manchas na pele 

Como vimos, uma lesão de pele é uma parte da pele que tem um crescimento ou aparência anormal em comparação com a pele ao seu redor. São duas as classes de lesões: primárias e secundárias.

As lesões cutâneas primárias são condições da pele que surgem no nascimento, como o caso da mancha mongólica ou são adquiridas ao longo da vida. Já as secundárias, ocorrem quando as primárias são irritadas ou manipuladas (manchas de acne, por exemplo), o que pode resultar em uma mancha mais profunda ou na forma de crosta. 

Agora vamos aos tipos de manchas de pele mais comuns de acordo com suas manifestações:

Mancha mongólica – manchas roxas ou esverdeadas nas costas do bebê 

A mancha mongólica é uma mancha arroxeada ou esverdeada bem tênue acima das nádegas do bebê. Não é resultado de impacto, mas sim da produção de melanina que se concentra na região. 

É mais comum em asiáticos e pessoas de tons de pele mais escuros. Não traz qualquer problema à saúde da criança, não exigindo tratamentos para clarear, uma vez que some nos primeiros anos de vida.

Leia também: Manchas roxas na pele – quais as possíveis causas

Marcas de acne – mancha escura redonda e pequena

São pequenas cicatrizes que se manifestam após uma lesão causada por espinhas. As marcas são lesões secundárias devido à inflamação da pele ativada pela produção de melanina no local. 

O processo inflamatório em conjunto com a tendência de hiperprodução de melanina formam as manchas. Esse processo é chamado de pigmentação pós-inflamatória, que resulta em manchas marrons, avermelhadas ou arroxeadas, dependendo do tom natural da pele.

As cicatrizes mais profundas podem ser atróficas, quando aparentam ser um buraco na pele, ou hipertróficas, quando parecem estar inchadas e “em baixo” da pele, semelhante a nódulos.

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Queratose actínica – manchas vermelhas na pele 

A queratose ou ceratose actínica é uma lesão avermelhada, castanha ou rosa, espessa, escamosa ou com crostas que aparecem em locais comumente expostos ao sol: rosto, ombros, braços, costas, mãos, pescoço e couro cabeludo. Apresentam geralmente 2 a 4 cm, o tamanho de uma borracha de lápis. 

As manchas costumam aparecer em pessoas com peles de tons mais claros e ruivos devido à reação da melanina aos raios solares, por isso costuma aparecer em pessoas com idade mais avançada. 

Por se tratar de uma lesão pré-cancerígena, é necessário o tratamento assim que identificada. 

 

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Melasma – manchas escuras na pele e simétricas

O melasma é a hiperpigmentação cutânea que acomete principalmente pessoas de pele mais escura. É causada pelo depósito em excesso de melanina em determinados locais expostos ao sol. 

As manchas são de coloração marrom, castanhas ou cinzas, com limites bem demarcados e formato irregular. Sua principal característica (que difere das demais lesões cutâneas) é a simetria, dessa forma, se uma parte do rosto apresentar uma mancha, possivelmente no lado oposto haverá uma mancha muito semelhante.

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Melanose – manchas marrons assimétricas

A melanose se caracteriza por manchas marrons, geralmente juntas e acumuladas. Também são chamadas de lentigo e surgem devido ao excesso de radiação sobre a epiderme. 

É resultado da hiperprodução dos melanócitos em resposta aos raios solares, que produzem mais melanina e tornam a região mais escura. Essas manchas não doem ou coçam, mas também exigem atenção. 

 

Pano branco – manchas brancas

O pano branco é o nome popular da pitiríase versicolor, uma micose superficial causada pelo fungo Malassezia. Esse fungo invade o folículo piloso e causa lesões na derme de coloração branca, daí o nome pano branco. 

Umidade e calor proporcionam o ambiente ideal para o surgimento dessa micose, a qual é agravada por fatores como sudorese em excesso, uso de anticoncepcionais e imunossupressores.

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Dermatite de contato – manchas vermelhas na pele que coçam

São lesões inflamatórias causadas pelo contato direto com alguma substância considerada invasora pelo organismo. Manifestam-se em forma de erupção cutânea, com bordas bem definidas. Coçam muito e mantém-se limitadas a uma área em específica. Também pode apresentar prurido, irritação, dor ou ambos. 

Como clarear manchas na pele

Existem diferentes formas de clarear as manchas da pele, que vão desde agentes tópicos, como cremes pomadas e séruns, a procedimentos estéticos mais sofisticados, a exemplo da laserterapia. 

É importante evitar tratamentos caseiros ou automedicação, pois é necessária a avaliação do profissional para entender o que está acontecendo, quais as causas e a partir daí definir o tratamento adequado. 

Para diagnosticar uma lesão de pele, o dermatologista vai inicialmente observar a lesão. É a chamada análise clínica, que vem acompanhada de uma entrevista para entender os hábitos do paciente. Se for necessário, ele pode solicitar uma biópsia da área afetada para análise laboratorial. 

Creme para manchas na pele

O tratamento tópico é o inicial dependendo do tipo de mancha. Consiste em cremes e pomadas que agem diretamente na lesão. Entre os agentes utilizados em cremes dermocosméticos mais comuns estão:

Niacinamida É o nome comum da Vitamina B3. É usada em uma série de dermocosméticos ou comercializada na forma mais pura, devido às suas várias propriedades. Além de reduzir a presença das manchas, retarda os efeitos do envelhecimento na pele, regula a produção de sebo, combate radicais livres, entre outras funções.
Ácidos brandos Uma série de ácidos são usados em cremes para o clareamento de pele. Geralmente estão associados a outros agentes para realizar mais de uma função. Os ácidos funcionam como esfoliante, que “corrói” a camada manchada da pele e em seu lugar uma nova cresce renovada e sem a hiperpigmentação. Entre os ácidos mais usados estão o ácido kójico, ácido láctico, ácido azelaico, ácido glicólico, entre outros. Como a concentração é baixa, não causam qualquer reação adversa se usados com responsabilidade.
Vitamina C Os produtos com vitamina C também ajudam no clareamento da pele por conta de sua ação antioxidante e inibição da atividade da tirosinase. Também combate radicais livres e protegem a pele contra agentes externos. Esses agentes podem estar combinados ou não com outros que fazem mais de uma função, como renovação celular e de colágeno.
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Pomada para mancha na pele

Hidroquinona

É o tratamento mais comum para diversas lesões epiteliais, sobretudo melasma, marcas de acne, sardas, entre outras. Trata-se de uma substância que atua como um substrato da enzima tirosinase, de modo a competir com a tirosina para inibir a formação da melanina.

Tretinoína 

A tretinoína é uma substância derivada da vitamina A. É comumente empregada na forma de pomada ou creme para redução de manchas, mas também suaviza rugas e trata a acne. 

As pomadas de tretinoína podem ser adquiridas com prescrição médica em dosagens que variam entre 0,01% a 0,2%. 

Alfa-arbutin

É um medicamento que inibe a ação da tirosinase. Sua estrutura é semelhante à da hidroquinona. É um agente seguro se usado com prescrição médica. Não causa qualquer tipo de irritação e os efeitos colaterais são mínimos.

Remédio para manchas na pele

Sim, existem comprimidos que ajudam no clareamento de determinadas manchas, em especial o melasma. O mais comum é o Pycnogenol, ou picnogenol, um medicamento natural extraído da casca da planta medicinal Pinus pinaster. 

Esse fármaco é rico em substâncias antioxidantes que atuam no combate dos danos causados pelos radicais livres nas células. Entre seus benefícios, podemos listar: 

  • Atua no clareamento da pele;
  • Protege as células epiteliais; 
  • Previne o surgimento de marcas causadas pelo envelhecimento precoce;
  • Reduz rugas e linhas de expressão;
  • Protege as camadas superficiais da pele contra a ação dos raios solares;
  • Aumenta a elasticidade, firmeza e uniformidade da pele; 
  • Aumenta a hidratação da pele. 

Tratamentos estéticos para a retirada de manchas

São procedimentos realizados em consultório dermatológico e por profissional capacitado. Entre os mais comuns estão:

Laser

O laser emite um feixe de luz que age nas camadas superficiais e mais profundas da pele. Nas superficiais, quebra o pigmento e estimula a produção de novas células epiteliais. Já nas profundas estimula a produção de colágeno novo. 

Trata-se de um procedimento que costuma ser mais rápido, tanto na sessão, quanto nos resultados. O desconforto é mínimo, bem como os cuidados, e o paciente retorna para casa no mesmo dia. 

A média de sessões dependerá do tipo de mancha, de laser, da tonalidade da pele e de como o paciente reage ao tratamento.

Saiba mais sobre o laser para manchas. 

Luz Pulsada

A luz pulsada possui ação semelhante a do laser. É comumente usada para remoção de manchas, redução de rugas e linhas de expressão, remoção de pelos, entre outros fins estéticos. 

Para o clareamento de manchas, como melasma e lentigo, a luz pulsada quebra o pigmento, que é eliminado no sistema linfático. Além de clarear e uniformizar a tonalidade da pele, também aumenta em até 50% a quantidade de fibras de colágeno e elastina. 

Sua ação ainda aumenta a oxigenação sanguínea no local, conferindo ao paciente uma pele mais jovem e bonita. 

Cada sessão dura em torno de 30 minutos, dependendo da gravidade das manchas. Após as primeiras sessões é possível notar a melhora no aspecto da pele com o aparecimento de pequenas manchas chamadas de hiperpigmentação pós-inflamatória transitória.

Microagulhamento

Consiste no uso de um aparelho específico como demolier com pequenas cânulas e agulhas. Podem ser ou não aplicadas substâncias clareadoras que agem diretamente nas lesões, aumentando seu poder de ação. 

Cada sessão dura em média 40 minutos e o incômodo causado é mínimo. No mesmo dia, o paciente pode retornar às suas atividades normais. Os efeitos colaterais são mínimos e os resultados costumam surgir poucas semanas após as primeiras sessões. 

Peeling Químico

O peeling químico utiliza um ácido em concentrações maiores que os cremes. Um exemplo é o uso de ácido retinoico na concentração de 1 a 5% ou 0,5% de ácido elágico. Em um ambiente controlado, o ácido é aplicado diretamente nas lesões e age por um determinado período. 

Os agentes promovem uma esfoliação profunda na pele, de modo a “corroer” os pigmentos de pele e em seu lugar surgem novas células epiteliais sem a hiperpigmentação. A camada mais saudável também tem seu colágeno e elastina renovados, o que melhora seu aspecto como um todo. 

Peeling Físico

O peeling físico utiliza indutores de descamação, normalmente lixas e aparelhos de microdermoabrasão, como o peeling de cristal e o peeling de diamante. Em ambos os casos, o aparelho vai promover a esfoliação do local para a renovação celular. 

Assim como o peeling químico, também promove a melhora do tônus e elasticidade da pele.

Fotoproteção

Dependendo do tipo de manchas, apenas a fotoproteção pode ser suficiente para atenuá-la. Em geral, todas pessoas devem ter alguns cuidados com a exposição solar, como:

  • Evitar a exposição nos horários de maior incidência (entre às 10 da manhã e 4 da tarde);
  • Usar protetor solar com fator superior a 30 FPS;
  • Usar roupas de fibra natural, pois essas não retém o calor;
  • Usar chapéu e óculos escuros quando for sair na rua. 
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Perguntas frequentes

Agora vamos a algumas dúvidas frequentes sobre o clareamento de pele. São elas:

Como tirar mancha de picada?

Esse é um tipo de mancha que não requer tratamento caso o paciente não coce ou utilize algum produto que deixe cicatrizes, tornando a picada uma lesão secundária. Se for esse o caso, uma pomada ou creme clareador indicado pelo dermatologista pode ser o suficiente para clarear.

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Como tirar mancha de espinha?

O mesmo vale para as manchas de espinha. Caso elas tenham se tornado lesões secundárias, a pele tende a ficar manchada no local. Dependendo do grau das manchas, apenas o tratamento tópico pode ajudar, mas se forem mais intensas, será necessário recorrer a algo mais complexo como laserterapia ou microagulhamento, por exemplo. 

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Depois do tratamento, as manchas podem voltar?

Sim, mas vai depender do tipo de mancha, sua causa e se o paciente será exposto novamente ao catalisador. Na maioria das situações, após o tratamento é necessária a fotoproteção.

Os remédios e tratamento podem apresentar efeitos colaterais?

Sim, dependendo do tratamento é possível surgirem alguns efeitos colaterais. Por isso é importante conduzi-los apenas com o dermatologista e seguir suas orientações. As terapias são seguras, desde que sejam feitos testes e entrevistas com o paciente para evitar quaisquer problemas futuros.  

Dra. Juliana Toma

Médica Dermatologista - CRM-SP 156490 / RQE 65521 | Médica formada pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM), com Residência Médica em Dermatologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM), com Título de Especialista em Dermatologia. Especialização em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês. Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA. Ex-Conselheira do Conselho Regional de Medicina (CREMESP). Coordenadora da Câmara Técnica de Dermatologia do CREMESP (2018-2023).

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