Melasma na pele negra – Saiba mais

O melasma na pele negra é mais comum em relação à pele branca devido à maior produção de melanina. Isso faz com que determinadas etnias estejam mais propensas ao desenvolvimento do melasma, como as africanas, árabes, indianas, asiáticas e hispânicas. 

Essa condição crônica é causada pela hiperpigmentação das células da pele, que se concentram na derme e na epiderme. Caracteriza-se pelo surgimento de manchas escuras no rosto e em áreas comumente expostas à luz solar. 

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Continue lendo o post, entenda mais sobre como o melasma se manifesta na pele negra, quais os principais fatores que podem servir de catalisador para a dermatite, como tratar e prevenir. Acompanhe!

O melasma na pele negra

Asiáticos, africanos, indianos, paquistaneses, povos do Oriente Médio, mediterrâneo-africano e os povos das Américas são os mais afetados. 

O estudo “African ancestry is associated with facial melasma in women: a cross-sectional study” revelou que pessoas com ancestralidade europeia apresentaram menor incidência de melasma (10%), enquanto pessoas que tiveram contribuições genéticas africanas apresentaram uma incidência muito superior (77%). 

Outros fatores foram associados ao melasma, aumentando esse percentual na pele negra para 82%. Entre eles, o uso de antidepressivos e histórico familiar de pigmentação (primeira geração). 

Na América Latina, em especial no Brasil, é comum a população viver em áreas intertropicais, onde há uma maior exposição aos raios UV. A grande miscigenação brasileira e o clima tropical favorecem o surgimento da condição. Estima-se que entre 15 e 35% das mulheres adultas brasileiras são afetadas pelo melasma. 

Um estudo de base populacional conduzido pela Universidade de Botucatu em conjunto com a Universidade Estadual Paulista, SP (Brasil) evidenciou que o melasma acomete 34% das mulheres e 6% dos homens.

Como o melasma se manifesta na pele negra

A pele negra possui maior concentração de melanina, que protege a pele contra os raios solares. Como esse pigmento é de cor marrom, diante de um processo inflamatório ou irritativo, tende a escurecer a pele ainda mais. 

E isso não é só com o melasma, a pele fica mais escura com a presença de acne, foliculite, alergia, picada de insetos, etc. Isso acontece porque a melanina na pele mais escura é do tipo eumelanina, que produz pigmentos amarronzados. O resultado é que a pele negra possui uma maior tendência a apresentar manchas escuras depois desses problemas. 

Pessoas com pele negra, por natureza, produzem mais melanina, uma vez que possuem mais melanócitos ativos. Quando expostos a algum fator desencadeante, tendem a produzir ainda mais da substância que dá cor à pele. Com isso, há o acúmulo do pigmento que é o causador das máculas de melasma.

Além de uma maior produção de melanina, a pele negra também pode apresentar uma maior atividade das glândulas sebáceas. Em geral, o sebo auxilia na proteção da pele contra agressões do ambiente, mas em excesso favorece o aparecimento de infecções e acne. 

Portanto, se a pessoa tem o hábito de ferir espinhas, corre o risco de machucar a pele, desencadeando o processo de cicatrização e pigmentação.

O melasma pode ser uma resposta do organismo, de modo a tentar proteger a pele de agentes externos.

Não se sabe ao certo quando a condição pode se manifestar, contudo, sabe-se que o melasma ocorre em todos os grupos étnicos e populacionais. Estudos epidemiológicos demonstram uma prevalência entre os fenótipos que naturalmente apresentam maior pigmentação na pele.

Sintomas

Os sintomas do melasma são diferentes conforme o tom da pele. Em geral, causa manchas escuras nos pontos altos do rosto. Na pele negra, se manifesta como manchas marrom-escuras ou marrom-acinzentadas. Essas máculas costumam aparecer em um padrão simétrico, em ambos os lados da face, por exemplo. 

As manchas possuem bordas irregulares, podendo ser planas e sólidas, ou apresentar uma aparência sardenta ou manchada.

Elas costumam aparecer nas seguintes regiões:

  • maçãs do rosto
  • nariz
  • testa
  • lábio superior
  • queixo
  • pescoço
  • colo
  • peito
  • braços
  • antebraços
  • ombros
  • pernas
  • costas. 

Quais os fatores que contribuem para o aparecimento de melasma na pele negra?

O principal deles é a exposição solar sem proteção. Ocorre que ao passar do tempo, uma quantidade maior de melanina é depositada em determinadas áreas do corpo causando o escurecimento, por isso é mais comum em adultos após os 30. 

O melasma também ocorre com mais frequência em mulheres, o que corresponde a 90% dos casos (dados da  American Academy of Dermatology – ADD). As possíveis causas são as mudanças hormonais que ocorrem principalmente durante a gravidez, uso de anticoncepcionais e tratamentos hormonais para natalidade. 

Isso ocorre porque o estrogênio e a progesterona são capazes de estimular a hiperatividade dos melanócitos. O que também acontece quando há disfunção na tireoide, síndrome do ovário policístico (SOP), menopausa, perimenopausa e estresse crônico

Condições genéticas também são consideradas um fator de risco. 55% dos pacientes de melasma possuem algum parente com a condição. 

Qual o tratamento para melasma na pele negra

O primeiro passo para o tratamento de melasma é o diagnóstico. Muitas vezes a condição é confundida com outras dermatites como acantose nigricans, o que exige a análise clínica e do histórico do paciente. Se for necessário, o dermatologista pode usar uma lâmpada de Wood ou solicitar exames de biópsia para o diagnóstico diferencial. 

Outro ponto é descobrir os catalisadores do melasma, para assim definir o tratamento mais eficaz. Por exemplo, se a causa é o desequilíbrio hormonal, um tratamento subjacente pode ajudar nos sintomas de melasma. 

Em alguns casos, as manchas desaparecem sozinhas, sem necessidade de terapia, no entanto, como traz um sério problema a auto-estima, alguns tratamentos podem clarear as lesões, proporcionando uma tonalidade semelhante (ou igual) a pele normal do paciente. 

Entre os tratamentos mais comuns podemos listar:

Fotoproteção com uso de protetor solar e roupas de fibra natural, além de evitar a exposição aos raios solares no horário de maior incidência (entre 10 e 16 horas);
Terapias a laser como luz pulsada e laser fracionado;
Microdermoabrasão;

É importante evitar receitas caseiras, tratamentos sem comprovada a eficácia ou remédios sem prescrição médica. Em alguns casos, esses agentes podem contribuir com o agravamento do quadro de melasma.

Como prevenir o melasma

Nem sempre é possível prevenir o surgimento das manchas. O que o paciente que já teve melasma ou que possui parentes com a condição deve fazer é evitar a exposição aos fatores que podem desencadear as manchas, sobretudo a exposição solar sem proteção. 

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Dra. Juliana Toma

Médica Dermatologista - CRM-SP 156490 / RQE 65521 | Médica formada pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM), com Residência Médica em Dermatologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM), com Título de Especialista em Dermatologia. Especialização em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês. Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA. Ex-Conselheira do Conselho Regional de Medicina (CREMESP). Coordenadora da Câmara Técnica de Dermatologia do CREMESP (2018-2023).

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