Queda de cabelo pós Covid – entenda

Maria Júlia, 45 anos, passou por um período difícil em 2020. No final de novembro foi diagnosticada com Covid e pouco depois já estava entubada na UTI. Passado o susto, recebeu alta e buscou se recuperar em casa nos meses seguintes à infecção, mas pouco depois notou uma queda de cabelo pós-Covid. 

O caso de Maria Júlia ilustra um dos sintomas associados à doença, a queda de cabelos, que acomete 1/4 dos pacientes com a chamada Covid-19 persistente, a Covid longa. Essa condição de saúde dura semanas ou meses após o início da infecção e seus sintomas variam conforme a pessoa. 

Continue lendo, entenda mais sobre o assunto e quais tratamentos podem ser adotados. Boa leitura!

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A queda de cabelo pós-Covid

Um estudo conjunto entre pesquisadores dos Estados Unidos, Suécia e México conduziu a análise de 48 mil pacientes em todo o mundo e levantou importantes dados sobre os sintomas mais comuns da Covid prolongada. 

De acordo com o estudo, 58% dos pacientes sofrem com fadiga; 44% com dores de cabeça; 27% com dificuldade de atenção e 25% com queda de cabelo. 

Além desse, há mais 7 estudos acadêmicos que tratam da ligação entre a queda de cabelo e o Covid, no entanto, as causas e duração não estão exatamente claras. Acredita-se que a doença esteja associada a duas formas de queda já estudadas na medicina: o eflúvio telógeno e a alopecia areata.

O que muda aqui é a forma como a queda acontece. A manifestação mais comum é a queda difusa, chamada de eflúvio telógeno, enquanto na alopecia areata, a queda ocorre em forma de rodelas. 

Em ambos os casos, a queda capilar está associada a problemas emocionais, doenças infecciosas e autoimunes.

É algo considerado comum após o acometimento por doenças infecciosas mais graves como dengue, além de quadros de estresse, perda excessiva de peso ou gravidez. 

Na maioria dos casos, os pacientes com perda de cabelo relatam que os fios caem em volume maior após 2 a 3 meses da infecção, e na maioria dos casos a melhora é espontânea. 

As situações em que o paciente apresenta a queda do tipo alopecia areata ainda não possuem uma explicação aceita. 

Os pesquisadores acreditam que o vírus da Covid pode servir como gatilho para as pessoas que já possuem a predisposição genética de desenvolver a alopecia areata. Isso porque esse tipo de queda é considerada uma reação autoimune. 

Contudo, há também a hipótese de que seja algum fator desconhecido ou ligado ao estresse relacionado a pandemia, o que explica os casos em que o paciente não apresenta essa predisposição genética. 

Como ocorre a queda de cabelo por Covid?

Perder fios de cabelo é algo normal, podendo chegar a 150 fios por dia. Em condições como o eflúvio telógeno, esse número pode chegar a 300, como é o caso de alguns pacientes no período pós-Covid.

De acordo com Michael Freeman, professor da Bond University, a queda de cabelos associada ao Covid é um indicativo de que o corpo “abandona” temporariamente funções menos necessárias em momentos de grande estresse. 

Além disso, assim como outras manifestações cutâneas, a queda de cabelo na Covid está relacionada ao acometimento dos tecidos da pele. 

Durante a vida, o número de folículos pilosos não se altera naturalmente, exceto por condições específicas como o eflúvio telógeno. Basicamente, essa condição antecipa o fim do ciclo de vida do cabelo em uma proporção muito rápida devido a uma reação autoimune.

Acredita-se que a reação autoimune do corpo para se proteger do vírus pode estar relacionada com a perda de cabelos, contudo, um ponto que tem chamado a atenção é a distância temporal entre a infecção e a perda dos fios. 

O eflúvio telógeno geralmente surge cerca de 90 a 100 dias após o fato que desencadeou a condição (a infecção), podendo durar até seis meses. 

A explicação mais aceita para esse intervalo de tempo, por enquanto, é que doenças associadas ao aumento da temperatura corporal afetam o crescimento dos folículos pilosos, que acabam sendo mantidos em repouso capilar por 2 a 3 meses. O que explicaria o fato da reação ocorrer após tanto tempo da infecção.

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Qual o tratamento?

Quanto ao tratamento mais adequado, não há um que seja específico para a queda de cabelo pós-Covid. O tratamento costuma ser o mesmo para os pacientes com eflúvio telógeno na maior parte dos casos. 

Se o paciente apresentar uma melhora rápida da doença e não existir outra doença prévia do couro cabeludo, sua recuperação não exigirá tratamento. 

Quando a perda de fios é intensa ou se estende por um longo período, as seguintes técnicas podem ser indicadas:

 

Medicação 

Medicamentos em forma de loção ou creme a base de corticoides para tratamento tópico são indicados para fortalecer o crescimento capilar. Geralmente é recomendado o uso diário.

MMP (Microinfusão de Medicamentos na pele)

A MMP baseia-se na aplicação de medicamentos que agem diretamente no folículo, acelerando a entrada na fase de crescimento do ciclo capilar e assim revertendo o quadro de queda. 

É utilizado um aparelho específico que utiliza agulhas bem pequenas para perfurar o couro cabeludo e aplicar as drogas diretamente no folículo capilar. 

 

Mesoterapia

Semelhante ao MMP, contudo, é menos invasivo. Também pode utilizar uma combinação de medicamentos como aminoácidos, vitaminas, finasteria e minoxidil. 

É indicada para homens e mulheres com queda constante de cabelo, por deficiências nutricionais, stress, mal cuidado. Pode também ser utilizado em casos com fatores genéticos (como a alopécia).

 

Fototerapia

A fototerapia utiliza a luz pulsante ou o laser para estimular o crescimento dos fios a partir da recuperação do folículo piloso. 

 

Reposição de nutrientes

Consiste na ingestão oral de suplementos tais como sais minerais para estimular a produção de proteínas, colágenos, ácidos graxos e lipídios, a fim de fortalecer o fio e calcificar a haste do bulbo.

Vale ressaltar que na fase de queda de cabelo o couro cabeludo se torna mais sensível, dolorido ao simples ato de pentear ou prender. Portanto, para prevenir mais danos é importante evitar qualquer tratamento caseiro e buscar a orientação do dermatologista. 

O prognóstico, na maioria dos casos de queda capilar por Covid é bom, mas é sempre indicado a orientação médica para verificar se há a necessidade de tratar alguma doença de base associada. 

É possível prevenir?

É possível evitar a queda de cabelo pós-Covid a partir de uma rotina de cuidados que vai desde a alimentação a hábitos diários. 

Entre eles, evitar lavar os cabelos sem necessidade, usar tônicos para fortalecer a haste e fios, além de nutrientes como proteína, Ferro e vitaminas (C, D e E, por exemplo). São nutrientes presentes na alimentação ou por suplementação como cápsulas, essas últimas devem ser indicadas pelo especialista, que vai avaliar cada caso. 

Além dos tratamentos indicados pelo dermatologista, em casa é importante usar uma boa linha de xampu, condicionador e máscara capilar para o seu tipo de fio. Esses cuidados ajudam a manter a qualidade dos fios e do couro cabeludo e assim evitar que o quadro se agrave.

Por último, e não menos importante, tome todas as medidas preventivas contra a Covid-19. Sem dúvidas, esse é o melhor caminho para prevenir esse e outros sintomas e complicações causados pela doença.

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Dra. Juliana Toma – Médica Dermatologista pela Universidade Federal de São Paulo – EPM

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Dra. Juliana Toma

Médica Dermatologista - CRM-SP 156490 / RQE 65521 | Médica formada pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM), com Residência Médica em Dermatologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM), com Título de Especialista em Dermatologia. Especialização em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês. Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA. Ex-Conselheira do Conselho Regional de Medicina (CREMESP). Coordenadora da Câmara Técnica de Dermatologia do CREMESP (2018-2023).

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