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Acantose nigricans – o que é, causas, sintomas e tratamento

Surgiram manchas em regiões onde há dobras da pele como axilas, barriga, parte de trás da coxa ou costas? Pode ser a acantose nigricans, uma alteração da epiderme que causa distúrbios na pigmentação e que pode estar associada a doenças mais graves, a exemplo da diabetes. 

Muitas vezes, as pessoas acabam não dando atenção a essas manchas por achar que são inofensivas. Elas realmente são, mas como podem estar relacionadas a outras enfermidades é importante ligar o alerta. Continue lendo o post, entenda mais sobre a acantose nigricans, causas, sintomas e tratamento.

O que a acantose nigricans?

É um distúrbio da pigmentação da pele muito comum caracterizado pelo surgimento de manchas escuras resultantes da hiperceratose (aumento repentino ou não da camada mais superficial da epiderme) e hiperpigmentação, causando lesões de coloração acinzentada mais espessas que a pele normal, que proporcionam um aspecto verrucoso.

A doença pode afetar pessoas clinicamente saudáveis ou estar associada a outras doenças, sendo a principal delas a diabetes. Pode ainda acompanhar a obesidade, doenças ovarianas, distúrbios hormonais da tireoide e casos mais graves como câncer do aparelho digestivo. 

Estudos clínicos apontam quatro tipos de acantose:

  • Síndrome de Miescher – hereditária e benigna; 
  • Síndrome de Gougerot Carteaud – benigna e provavelmente hereditária; contudo, surge somente em mulheres adolescentes e no início da vida adulta;
  • Pseudoacantose – benigna e ligada a fatores como obesidade e alterações endócrinas; 
  • Acantose Maligna – associada principalmente ao surgimento de cânceres do tubo digestivo e fígado.
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Quais os sintomas?

O sintoma mais evidente da acantose nigricante são as manchas escuras de pele, que apresentam uma textura espessa e aveludada. Comumente, as áreas podem apresentar prurido (coceira) e dor. 

O quadro costuma iniciar com o escurecimento leve da região afetada, que ao passar do tempo, se torna mais escura, com o aspecto aveludado e verrucoso. Com o tempo evolui, geralmente meses ou anos. 

As manchas aparecem principalmente nas dobras cutâneas e outras áreas, como:

  • axilas
  • virilha
  • juntas
  • pescoço
  • cotovelos
  • joelhos
  • lábios
  • solas dos pés

Quando a causa é tratada, a doença costuma regredir.

Quem corre risco de desenvolver acantose nigricans?

A acantose nigricante acomete tanto homens quanto mulheres, no entanto, é mais comum em pessoas acima do peso, com tons de pele mais escuro, que apresentam condições pré-diabéticas ou que já possuem a diabetes. 

Crianças que desenvolvem a acantose nigricans possuem maior risco também de desenvolver um quadro de diabetes tipo dois ao longo da vida. 

A frequência também varia conforme o grupo étinico. Segundo a  American Academy of Dermatology (Academia Americana de Dermatologia), pessoas de ascendência africana, latina ou hispânica correm um risco maior. Apesar disso, todos os grupos étnicos estão igualmente em risco de acantose nigricans quando seu IMC (índice de massa corporal) está muito acima do normal.

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Quais as causas? 

As manchas são resultado da reprodução acelerada das células epidérmicas da pele. Esse crescimento é considerado anormal, sendo desencadeado principalmente pelos altos níveis de insulina no sangue. Em casos mais raros, esse aumento das células irregulares é causado por medicamentos, câncer ou outras enfermidades. 

Entenda um pouco mais:

Muita insulina

O gatilho mais comum para o surgimento da acantose nigricans é o excesso de insulina na corrente sanguínea. Quando comemos, nosso corpo converte os carboidratos em moléculas de açúcar como a sacarose e a glicose. Parte desses açúcares é “queimada” pelo organismo para gerar novas células e o resto é armazenado. 

A insulina permite que os açúcares entrem nas células para que elas possam usá-los como fonte de energia. Acontece que pessoas com sobrepeso tendem a desenvolver uma certa tolerância à insulina com o tempo, mesmo com a produção adequada do pâncreas, visto que o corpo não tem capacidade de usá-la corretamente. 

Essa reação acaba por criar um certo acúmulo de glicose na corrente sanguínea, resultando em elevados níveis de glicose e insulina na corrente sanguínea.

Além disso, uma grande concentração de insulina faz com que as células normais se reproduzam com maior rapidez, levando a um consequente aumento da produção de melanina. E é esse aumento de melanina que gera as manchas de pele mais escuras do que as áreas vizinhas. 

Por isso, o surgimento das lesões de acantose nigricans demonstra uma forte tendência da pessoa desenvolver diabetes no futuro.

Medicamentos

A acantose nigricans também pode ter como causa certos medicamentos, a exemplo de pílulas anticoncepcionais, medicamentos para tireoide, hormônios de crescimento e até mesmo alguns suplementos de musculação. São substâncias que alteram a produção e os níveis de insulina. 

Também entram nesse grupo, as drogas para reduzir os efeitos colaterais da quimioterapia. Na maioria dos casos, a condição desaparece quando os medicamentos são interrompidos.

Outras causas potenciais são: 

  • câncer de estômago ou adenocarcinoma gástrico
  • níveis baixos dos hormônios da tireoide
  • distúrbios da glândula pituitária
  • distúrbios da glândula adrenal, como doença de Addison
  • elevadas doses de niacina
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Como é conduzido o diagnóstico?

A acantose nigricans é facilmente reconhecida por análise clínica e avaliação do histórico do paciente. O médico pode solicitar exames para verificar se há diabetes ou alguma resistência à insulina como fator desencadeador da condição. Esses exames podem incluir teste de glicose no sangue ou testes de insulina. 

O médico também pode solicitar uma revisão dos medicamentos para avaliar se eles agem como fator contribuinte. Daí a importância de informar sobre o uso de quaisquer suplementos dietéticos, vitaminas ou suplementos para atividades físicas que você faz uso, além dos medicamentos já prescritos. 

Em casos raros, podem ser solicitados testes para o diagnóstico diferencial, como uma biópsia de pele.

Qual o tratamento?

O intuito do tratamento é encontrar e corrigir a causa das manchas. Por exemplo, se o possível catalisador é a obesidade, o médico vai encaminhar o paciente para um nutricionista; ou ainda se a causa for diabetes, será necessário o tratamento com insulina. 

Se a causa for tratada, as lesões tendem a desaparecer com o tempo, visto que as novas células não terão a mesma quantidade de melanina das anteriores. 

Se persistir mesmo após corrigida a doença raiz, o dermatologista pode prescrever despigmentantes e cremes queratolíticos, a exemplo dos ácidos retinoico e salicílico, além de cremes com base em ureia como tratamento tópico para melhorar o aspecto da pele, 

clareadores de pele, como Retin-A e cremes a base de alfa-hidroxiácidos.

Para um tratamento sistêmico podem ser receitados medicamentos do tipo retinóides orais (tretinoína e isotretinoína) e metformina. Também é comum a indicação de técnicas de dermoabrasão e o fototerapia (uso de laser e luz pulsada).

É possível prevenir?

Não há prevenção além de evitar as doenças que funcionam como gatilho para a acantose nigricans. Como geralmente são doenças metabólicas e associadas ao peso corporal, a melhor forma de prevenção é mantendo os cuidados básicos de saúde, como alimentação saudável e prática de atividades físicas. 

Manter um estilo de vida saudável, perder peso, controlar de dieta e ajustar quaisquer medicamentos que estejam contribuindo para a condição são etapas cruciais para a prevenção. 

Vale ressaltar que a escolha de um estilo de vida mais saudável vai contribuir para reduzir os riscos de muitos outros tipos de doenças e não apenas a acantose nigricans.

Há qualquer sinal de mudança na pigmentação da pele ou surgimento de manchas, o dermatologista deve ser consultado. Muitas vezes, essas situações atípicas estão relacionadas a doenças graves e que exigem atenção redobrada. 

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Dra. Juliana Toma – Médica Dermatologista pela Universidade Federal de São Paulo – EPM

Clínica no Jardim Paulista – Al. Jaú 695 – São Paulo – SP

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Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521. Médica Especialista em Dermatologia pela SBD. Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês. Pós-Graduação em Pesquisa Clínica - Principles and Practice of Clinical Research - Harvard Medical School (EUA).

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