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O que é Urticária crônica e como funciona o tratamento?

A urticária crônica espontânea (UCE) é uma doença de pele caracterizada por manchas avermelhadas, causadoras de prurido (coceira) e sensação de queimação. Esse incômodo prejudica bastante a qualidade de vida do paciente, semelhante a outras enfermidades como psoríase e hanseníase. 

Atinge 1,5 milhão de brasileiros, tendo maior incidência nas mulheres. Acredita-se que cerca de 25% da população mundial possa desenvolver a doença em algum momento da vida. Apesar de comum, em 79% dos casos, os profissionais chegam ao diagnóstico errado de alergia antes de descobrirem a real causa das lesões. 

Continue lendo, entenda mais sobre o tema, causas, tratamento, entre outros pontos. Acompanhe!

O que é Urticária crônica?

É uma doença em que se formam placas avermelhadas na pele, causadoras de coceira acompanhada de sensação de queimação. Essas placas são chamadas pápulas, são elevações circulares, salientes, com vergões em volta que causam inchaço na área. 

As placas podem surgir de forma isolada ou em grupos em qualquer lugar do corpo. Geralmente as manchas desaparecem de forma espontânea em determinadas áreas do corpo.

Também podem vir juntamente com angioedema, um tipo de inchaço que se inicia nas camadas mais profundas da derme e acomete regiões como mãos, pés, lábios, orelhas e genitais. Em casos mais raros, esse inchaço pode comprometer as vias aéreas superiores. 

Geralmente o aparecimento da urticária crônica está relacionado a ação da histamina, uma substância produzida pelas células do tecido conjuntivo (mastócitos) que agem na dilatação e permeabilidade dos pequenos vasos sanguíneos. Apesar disso, estudos mostram que na maioria dos casos, a manifestação não está associada com processos alérgicos.

A urticária crônica apresentar-se de duas formas diferentes:

  • Urticária crônica induzida – quando os sinais surgem por consequência de algum agente externo;
  • Urticária crônica espontânea/idiopática – surge sem que seja identificado um fator desencadeante, o que pode dificultar tanto o diagnóstico quanto o tratamento. Esta é a forma que afeta mais as pessoas do sexo feminino do que do sexo masculino. 

As duas formas podem manifestar-se em pessoas de qualquer idade, no entanto, são mais comuns entre aquelas com idade entre 20 e 40 anos.

A diferença entre a urticária crônica e a aguda é que na primeira o quadro é menos intenso, contudo, tem longa duração. As lesões geralmente são menores e podem existir continuamente ou desaparecer por um período para reaparecer posteriormente por um período médio de seis meses. Em quadros agudos, os sinais e sintomas desaparecem em menos de seis semanas.

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Quais as causas?

A urticária crônica é uma reação comum, sobretudo em pessoas alérgicas. São muitos os fatores desencadeantes, dos quais podemos destacar alimentos, medicamentos, substâncias inaladas como desodorante, perfume, poeira, pó, inseticidas, etc, além de infecções e agentes físicos (calor, frio ou pressão). 

Esses fatores desencadeantes estimulam os mastócitos a liberar as substâncias químicas que causam os sintomas, sendo a principal a histamina. A urticária ocorre quando há uma reação a alguma substância como as descritas acima. O organismo libera a histamina, citocinas e outras substâncias na corrente sanguínea, causando prurido, inchaço e os demais sintomas. 

A urticária também pode ocorrer simultaneamente a outros quadros clínicos, como estresse emocional, exposição ao frio ou sol extremo, sudorese excessiva, infecções e doenças autoimunes ou oncológicas pré-existentes, como o lúpus.

Além deles, as seguintes substâncias podem desencadear a urticária: caspa e pelo de animais (principalmente gatos), picada de insetos, pólen, peixes e frutos-do-mar, frutas secas, ovos, leite, nozes, entre outros alimentos. 

Como é feito o diagnóstico?

Não há um exame ou teste para diagnosticar a urticária crônica. O diagnóstico é clínico, ou seja, se baseia na avaliação do médico dermatologista a partir da coleta do histórico do paciente e seus dados clínicos. 

É algo que se assemelha a um inquérito policial, exigindo uma “investigação” do profissional junto ao paciente, daí a necessidade de conhecer o prognóstico da doença, os sintomas, como está a saúde e os medicamentos que usa. 

O segundo passo é o exame físico, em que o médico examina a pele e avalia as lesões (tamanho, tipo e local). Em determinados casos, ele pode solicitar exames de sangue e cutâneos para confirmar quais fatores podem desencadear a urticária. Se ainda não for encontrada a causa, são feitos novos exames de autoimunidade.

Veja o escopo das perguntas que o médico pode fazer em uma consulta:

  • Quando as lesões começaram?
  • Qual a frequência e duração das lesões?
  • Mais de um familiar apresenta os sintomas?
  • As lesões aparecem ao mesmo tempo que alergias, infecções ou picadas de insetos?
  • Algum tipo de alimento ou exposição a agentes externos (frio ou calor) desencadearam as manchas?

 

Feitas as perguntas, o médico solicita os exames para descartar diagnósticos diferenciais de outras doenças, como infecções e infestações intestinais, que possam estar associadas a causa da urticária. 

A dificuldade em identificar a causa, muitas vezes, leva os profissionais e pacientes a considerar alguma doença subjacente como gatilho para a manifestação da urticária. Isso pode exigir longos exames (muitas vezes desnecessários) como testes físicos, testes para outras doenças e vários exames de sangue que levam ao desencorajamento dos pacientes.

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Qual o tratamento?

O tratamento da urticária crônica tem o intuito de controlar os sintomas, permitindo que o paciente possa ter uma vida mais tranquila, com qualidade e assim retomar suas atividades diárias como trabalho e estudos sem limitações, vergonha ou prejuízos a sua saúde física e mental. 

O tratamento básico se baseia na administração de anti-histamínicos não sedantes. As drogas agem diretamente no tecido conjuntivo para bloquear a ação da histamina. A dosagem é definida pelo dermatologista e em hipótese alguma o paciente deve se automedicar, mesmo com o desconforto causado pelos sintomas. 

O paciente deve sempre obedecer às determinações médicas, o que se torna um fator relevante para o sucesso de tratamento por várias razões, entre elas o fato de que algumas drogas como antiinflamatórios e analgésicos podem provocar o quadro e agravar os sintomas da doença. 

As diretrizes internacionais permitem que o dermatologista tenha autonomia para aumentar a dose dos anti-histamínicos nos casos em que o paciente não tenha controle dos sintomas da doença com a posologia, se não houver resultados expressivos nas primeiras quatro semanas de tratamento. 

Vale ressaltar que 25% dos pacientes com urticária crônica não têm controle adequado dos sinais e sintomas mesmo com o uso de anti-histamínicos nas doses usuais e, portanto, demandam uma abordagem terapêutica específica.

Porque evitar a automedicação?

É muito comum que os pacientes com urticária crônica façam uso indiscriminado de automedicação, sobretudo de corticoides orais para prevenir as crises ou para buscar uma cura. 

Isso é um grande problema, visto que o uso sem prescrição de corticóides gera vários efeitos adversos no corpo, podendo inclusive, gerar dependência por parte do organismo. O resultado são alterações tanto estéticas, quanto metabólicas sérias, a exemplo de hipertensão, obesidade, diabetes, osteoporose  e miopatia por corticosteróides.

Por essas e outras razões, ao primeiro sinal de manchas que coçam, o médico deve ser consultado. Além do diagnóstico diferencial, ele é o único que pode receitar medicamentos e conduzir o tratamento.

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Dra. Juliana Toma – Médica Dermatologista pela Universidade Federal de São Paulo – EPM

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Dra. Juliana Toma

Médica Dermatologista - CRM-SP 156490 / RQE 65521 | Médica formada pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM), com Residência Médica em Dermatologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM), com Título de Especialista em Dermatologia. Especialização em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês. Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA. Ex-Conselheira do Conselho Regional de Medicina (CREMESP). Coordenadora da Câmara Técnica de Dermatologia do CREMESP (2018-2023).

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