Comumente confundida com um calo na mão por esforço repetitivo ou trabalho mais pesado, o olho de peixe na mão, na verdade, é um tipo de verruga. Essa confusão não é à toa, visto sua superfície áspera e a pele em volta mais espessa, características semelhantes aos calos ou ainda as bolhas de água causadas por queimaduras.
O olho de peixe aparece com mais frequência nos pés, no entanto, as mãos também podem ser acometidas. Não há um padrão, a pessoa pode desenvolver esse tipo de verruga tanto nas mãos quanto nos pés em um mesmo surto ou em fases alternadas.
Independente do padrão, é importante consultar um dermatologista para avaliar a natureza das lesões, suas possíveis causas e tratamento. Continue lendo o texto e entenda um pouco mais da condição para ajudar no diagnóstico no momento da consulta.
O que é o olho de peixe na mão?
O olho de peixe, também chamado de verruga plantar, é um tipo de erupção de pele que surge na planta dos pés, mãos e dedos. As lesões geram uma pequena elevação na pele, com formato arredondado, com coloração que varia entre o branco ao amarelo e, em alguns casos, pontos escuros no centro. São ásperas, por isso são confundidas com calos.
As erupções cutâneas começam a se desenvolver assim que o vírus entra no organismo, por meio de pequenos cortes, hemorragias ou contato sexual, fazendo com que a condição também seja enquadrada como uma IST ( Infecção Sexualmente Transmissível).
Também pode vir associada aos seguintes sintomas:
- Dor devido ao atrito entre a verruga e os dedos;
- Sensibilidade ao tocar;
- Coceira, em alguns casos.
Causas
É causado pelo vírus da família “Papiloma Humano” (Human Papillomavirus – HPV), mais frequente entre crianças e adolescentes. Apesar de ser provocado pelo vírus, o olho de peixe tem ligação com subtipos menos graves: 1, 4 e 63.
As lesões surgem como manifestações benignas, mesmo o HPV estando relacionado a alguns tipos de câncer, ou seja, o olho de peixe não é um tumor.
Tratamento
O primeiro passo é o diagnóstico adequado, que deve ser feito pelo dermatologista, clínico geral ou podólogo, se também acometer os pés. O exame físico do olho de peixe, consiste na avaliação clínica das lesões cutâneas a fim de detectar pequenos vasos sanguíneos coagulados. Se for necessário, pode ser solicitada a biópsia, que consiste na remoção de uma amostra da lesão para avaliação em laboratório.
A terapia para o tratamento das lesões variam conforme a gravidade e profundidade da verruga, entretanto todas elas têm como intuito a remoção da lesão.
Entre as técnicas mais utilizadas estão:
Cauterização
A cauterização utiliza o ácido salicílico, que provoca a esfoliação da epiderme afetada pelo vírus. A aplicação é feita em consultório dermatológico com concentrações de ácido que variam entre 15 e 40%, concentração maior do que outros tipos de lesões devido à queratina que envolve as lesões, aumentando sua espessura.
É um tratamento tópico, em que o ácido salicílico pode ser usado em sua forma líquida, pomada, almofada (pad) e adesivo (patch). Independente da forma, deve ser aplicado diariamente na lesão com a pele seca e limpa.
Raspagem
Lesões mais moderadas podem ser retiradas com a curetagem (raspagem), o que reduz seu tamanho e o acúmulo de resíduos da hiperceratose.
Eletrocauterização
A eletrocauterização é indicada em casos mais graves e que a lesão está com alto grau de queratinização. O procedimento utiliza a eletricidade e o calor para carbonizar a lesão, podendo ser necessária a curetagem para retirar quaisquer resíduos.
Crioterapia
O procedimento utiliza o nitrogênio líquido ou a neve carbônica para reduzir a temperatura da lesão, causando sua queimadura pelo frio e assim eliminando a verruga pelo congelamento.
Laser
O laser funciona de forma semelhante à cauterização. O feixe de luz disparado pelo laser atinge diretamente o olho de peixe nas mãos, destruindo seu tecido.
Cirurgia
A remoção cirúrgica é indicada quando a lesão está mais profunda. O paciente recebe anestesia local e o dermatologista retira a verruga com o bisturi. A desvantagem é a possível cicatriz que o método pode deixar.
Medicação tópica e intralesional
Em casos de verrugas refratárias (quando elas reaparecem após o tratamento) são usados dois tratamentos tópicos. O primeiro usa a Bleomicina intralesional, um quimioterápico comumente usado no tratamento de alguns tipos de câncer.
O segundo é o Fluorouracil, também usado no tratamento de câncer. Ele inibe a síntese de DNA e RNA, reduzindo a proliferação das células da verruga. É usado de forma tópica ou intralesional (injetado dentro da verruga).
Imunoterapia
A imunoterapia estimula o sistema imunitário a combater o vírus. Existem diferentes frentes de ação, que incluem pomadas Fluorouracil e cimetidina.
Perguntas frequentes sobre o olho de peixe nas mãos
Agora vamos a algumas dúvidas sobre as lesões:
É contagioso?
Sim, o HPV é facilmente transmitido por meio do contato direto com o portador. Entretanto, a transmissão do vírus acontece também em ambientes úmidos e/ou quentes, como saunas, banheiros públicos, piscinas, entre outros.
O olho de peixe tem cura?
Sim, o HPV em si costuma se curar de forma espontânea em até 90% dos casos entre um e dois anos após o tratamento. Durante esse período, o organismo é capaz de destruir o HPV, eliminando-o por completo. As lesões provocadas pelo vírus são curadas com o tratamento médico.
Pode voltar após o tratamento?
Sim, mesmo com a eliminação das lesões é possível que retornem no futuro, visto que a causa é a infecção pelo HPV. Ainda assim, os tratamentos são importantes, pois reduzem os sintomas e o risco de infectar outras pessoas.
O olho de peixe pode evoluir para câncer de pele?
Apesar do HPV ser relacionado a alguns tipos de câncer, o olho de peixe em si é causado por subtipos que dificilmente se tornam malignos, dessa forma são muito poucas as chances de se tornar um câncer.
Quais os fatores de risco?
A baixa imunidade é o principal fator de vulnerabilidade para o aparecimento do olho de peixe. Por isso é mais comum em crianças e adolescentes, cujo sistema imunológico é mais frágil e acabam sendo as mais afetadas.
Além delas, pacientes imunossuprimidos, a exemplo dos portadores de doenças autoimunes, com problemas psicológicos, estresses e emocionalmente instáveis também estão sujeitas a terem surtos de olho de peixe.
Como prevenir o aparecimento?
Inicialmente é necessário evitar áreas úmidas, manter relações sexuais seguras e evitar o contato com ferimentos de terceiros. Agora, se você já contraiu o HPV, a melhor forma é manter hábitos saudáveis para não baixar a imunidade, favorecendo o surgimento das lesões.
Quando procurar ajuda de um dermatologista?
É importante procurar um dermatologista quando a lesão se tornar perceptível, ocasionar dor ou aumentar de tamanho. Mesmo não sendo uma urgência médica, o olho de peixe deve ser tratado. Ao ignorar seu quadro, facilita a proliferação de verrugas, dificulta a cura, aumenta a dor e o risco de contaminar terceiros.
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Dra. Juliana Toma
Médica dermatologista, com Residência Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM).
Especialização em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês. Fellow em Tricologia, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA
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Dra. Juliana Toma – Médica Dermatologista pela Universidade Federal de São Paulo – EPM
Clínica no Jardim Paulista – Al. Jaú 695 – São Paulo – SP
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