Hemangioma na infância

Poucos dias ou semanas após ter nascido, seu bebê apresentou uma mancha vermelha com aspecto semelhante a de um morango que foi crescendo aos poucos? Pode ser hemangioma infantil, também chamada de hemangioma na infância, um tipo de lesão vascular benigna que afeta bebês. 

É uma das alterações de pele mais comuns em recém-nascidos, ocorrendo em até 5% dos nascimentos. Ocorre com maior frequência em crianças brancas, prematuras e com baixo peso ao nascer. 

A boa notícia é que a mancha dificilmente evolui para algo mais grave, desaparece em algum tempo sem tratamento e não causa qualquer desconforto à criança. Continue lendo, entenda mais sobre o tema, sintomas, causas e possíveis tratamentos. Boa leitura!

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O que é hemangioma na infância?

O hemangioma infantil é um tumor benigno constituído por vasos sanguíneos que se formam incorretamente se multiplicando mais do que o normal. 

Esses vasos sanguíneos começam a crescer desordenadamente logo após o nascimento ou nas primeiras semanas do nascimento. 

A maioria deles se manifesta como uma marca ou mancha colorida (geralmente vermelha ou azul). Na fase proliferativa, que ocorre durante os cinco primeiros meses após o surgimento, a lesão cresce rapidamente, nesses primeiros meses o hemangioma terá 80% do seu tamanho máximo. 

Entre 10 meses e 12 meses de vida, a lesão entra na fase de involução, para de crescer e começa a encolher. Nessa fase ela perde seu volume e cor, achata até reduzir sensivelmente. Na maioria dos casos esse encolhimento vai até os 3 anos e meio a 4 anos de idade.

O hemangioma na infância é o tumor mais frequente que afeta as crianças, sendo mais comum naquelas com pele clara. Quanto ao gênero, costuma ser mais frequente em meninas do que meninos. 

Além disso, frequentemente as alterações cutâneas permanecem mesmo depois que a lesão encolheu, podendo deixar algum tipo de tecido cicatricial ou vasos sanguíneos extras na pele em até 50% dos casos. 

Quais os sintomas?

Uma lesão central se forma em uma das seguintes regiões do corpo da criança: braços, antebraços, pernas, face, dorso ou costas. Em raros casos, podem incluir complicações como dor, sangramento, formação de úlcera (nome comum para lesões que causam a ruptura do epitélio, de modo a expor os tecidos mais profundos da derme).

Quais os tipos?

Hemangiomas são classificados de acordo com sua coloração e localização, são eles:

  • Superficiais – assim são classificadas a maioria das lesões. São vermelhas brilhantes e aparecem na superfície da pele, são comumente chamadas de “marcas de nascença de  morango”.
  • Profundos – assim são classificados as lesões que aparecem na coloração azul ou de cor mais clara, quase igual à da pele. 
  • Mistos – assim são classificadas as lesões que trazem características das duas anteriores, sendo tanto superficiais quanto profundas, com coloração que vai do vermelho mais intenso ao roxo. 

Quais as causas?

Durante muitos séculos, as lesões vasculares congênitas foram chamadas de nevus maternus, em razão de uma crença popular de que os hábitos maternos estivessem diretamente ligados à formação dos hemangiomas infantis. 

Dependendo da cultura, era comum acreditarem que os desejos ou a alimentação da mãe eram os culpados, como a ingestão de morangos, framboesas e outras frutas vermelhas durante a gravidez. Com o tempo essa crença se desfez, principalmente com as explicações médicas. 

A causa ainda é desconhecida, contudo, há estudos que sugerem a presença do estrogênio durante a proliferação. Desse modo, o principal estímulo pode ser a falta de oxigênio nos tecidos ainda em formação associada ao aumento súbito do estrogênio após o nascimento. 

Outra hipótese apresentada é a embolização da placenta sob a derme do feto durante a gestação, possibilitando a formação dos hemangiomas. 

Há alguns fatores que podem influenciar na formação. Por exemplo, bebês que nascem prematuros ou abaixo do peso ao nascer têm maior probabilidade de desenvolver um hemangioma infantil. Isso acontece porque eles ainda não estavam “prontos” para deixar o útero das mães e as células que participam da formação vascular ainda não estavam formadas, o que também é um fator para o surgimento das lesões. 

No caso das meninas terem uma predisposição maior se dá ao fato delas terem uma quantidade maior de hormônios no corpo, o que favorece as falhas na divisão celular.

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Como é feito o diagnóstico?

A maioria dos casos de hemangioma na infância pode ser diagnosticada pelo histórico do paciente e dos pais, além do exame físico diferencial de outras dermatites ou lesões malignas. 

Os médicos podem diagnosticar as lesões fazendo perguntas sobre a gravidez, a saúde dos pais e da criança. Nesse sentido, o histórico das características das lesões pode ser muito útil para o diagnóstico. 

O médico (seja ele pediatra ou dermatologista) vai perguntar quando a mancha surgiu, o formato inicial, volume e como foi o crescimento. 

Hemangiomas profundos sob a pele, em algumas situações, podem ser mais difíceis de diagnosticar,

porém, como o hemangioma tem como característica seu crescimento na fase proliferativa (do nascimento até 12 meses de idade), o diagnóstico é mais simples. 

Os exames mais comuns são a citologia e a histopatologia. Ambos são métodos de observação em que o especialista utiliza a microscopia para avaliar a morfologia celular de uma amostra de tecido. Se necessário, o médico pode solicitar exames de imagem como ultrassonografia com Doppler ou ressonância magnética. 

A maior preocupação aqui é fazer o diagnóstico diferencial de diferentes condições além das já citadas, como má formação da fossa posterior do cérebro, artérias anormais no cérebro ou coração, ou problemas nos olhos.

O hemangioma na infância pode trazer riscos?

Por sua natureza benigna, as lesões não apresentam risco de evoluir para um câncer, embora isso não signifique que seja inofensivo. Dependendo da região afetada, elas podem causar sangramentos e até atrapalhar determinadas funções. 

Em alguns casos, podem nascer próximo aos olhos e prejudicar a visão, em outros as lesões crescem próximo às narinas prejudicando a respiração.

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Como tratar?

A maioria das lesões desaparece sem qualquer tratamento, deixando mínimas marcas visíveis. Isso pode levar alguns anos. 

No entanto, algumas lesões podem necessitar de tratamento. As indicações de tratamento incluem os casos descritos no item anterior (quando causa algum comprometimento visual, de respiração ou alimentar), além de sangramento e risco de desfiguração permanente. 

Ademais, lesões maiores podem deixar alterações visíveis na epiderme, estiramento significativo da pele ou alteração da textura de sua superfície. 

As terapias são mais eficazes quando administradas durante o período de proliferação, que corresponde aos primeiros 5 meses de vida. O tratamento visa reduzir o tamanho da lesão, dor ou retardar o crescimento. 

Entre os métodos mais utilizados estão:

Medicação

É baseada principalmente em beta-bloqueadores, como o propranolol (classe de medicamentos usados para o controle de problemas no coração), disponível em um medicamento líquido tomado por via oral e o maleato de timolol tópico, em forma de pomada, creme ou gel. 

Além dele, o médico também pode receitar corticosteroides orais, quando os beta-bloqueadores são contra indicados ou não tolerados pelos bebês. 

Ambas as terapias se mostram benéficas em termos de eliminação de hemangiomas sem aumento de danos. 

Outras terapias também se mostraram eficazes, mas são menos utilizadas como o tratamento com vincristina, interferon e outros agentes com propriedades antiangiogênicas.

Cirurgia

A maioria dos hemangiomas na infância não exige o procedimento cirúrgico, sendo menos comum agora do que nos anos anteriores graças à administração dos medicamentos agora disponíveis, os quais se mostraram seguros e eficazes. 

A cirurgia somente é indicada no caso de hemangiomas que apresentam cicatrizes perceptíveis após a redução com a medicação ou quando ela não apresenta qualquer eficácia. 

Quando necessária, a cirurgia é feita antes da idade escolar para reparar danos ou possíveis cicatrizes. Alguns pais aguardam até a criança ter idade suficiente para decidir se fará ou não o procedimento. 

As incisões cirúrgicas também visam remover o tecido fibrogorduroso residual, após a medicação. Independente da situação, a maioria dos procedimentos podem ser realizados no consultório dermatológico. Isso significa que as crianças podem ir para casa no mesmo dia.

Laser

Pouco usadas, as terapias a laser e luz pulsada desempenham um papel limitado no tratamento dos hemangiomas na infância. São mais indicadas para lesões ulceradas, em adição a terapias tópicas para acelerar a cura e reduzir o desconforto. 

Somente o pediatra ou dermatologista podem diagnosticar e conduzir os tratamentos. Evite a qualquer custo receitas caseiras e nãotente a remoção para não trazer mais danos à pele ou saúde do bebê. 

Vale ressaltar que quanto mais precoce for o tratamento, melhor será o resultado, portanto, se a criança apresentar qualquer lesão suspeita, o profissional deve ser consultado o quanto antes.

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