Queloide: O que é, tratamento e prevenção

Queloide é uma grande cicatriz, geralmente causada por uma resposta cicatricial exagerada do organismo. A lesão se estende lateralmente para tecidos adjacentes em relação a seu ponto de origem, extrapolando os limites do dano cutâneo causado pela ferida, queimadura ou incisão cirúrgica. 

O quadro pode ser de contínuo crescimento ou de evolução intermitente e sem regressão. Em geral, há uma forte tendência recidiva. 

Este distúrbio é mais comum em pessoas negras, embora possa ocorrer em indivíduos dos mais diversos fototipos. Além disso, tem maior prevalência entre a população de 10 a 30 anos de idade, em especial durante a segunda década de vida. No que diz respeito a sua epidemiologia, a queloide é também mais comum entre as mulheres, tendo uma incidência duas vezes maior em pessoas do sexo feminino. 

A má notícia é que independente de estar ou não no grupo de risco, se você já tem uma queloide, provavelmente desenvolverá outras, a boa é que neste artigo você conhecerá excelentes opções de tratamento e ainda aprenderá a prevenir este problema. 

Continue a leitura para saber mais.

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O que é queloide?

Os queloides são lesões salientes, rosadas ou escurecidas que se formam em zonas de traumatismo devido ao crescimento excessivo do tecido de cicatrização. O distúrbio é benigno, não é contagioso e na maioria dos casos não provoca dores. Contudo, é causa de um significativo dano estético, em especial se localizado em regiões expostas.  

Sendo assim, por mais que não ofereçam nenhum tipo de risco a saúde física, acabam gerando problemas de autoestima, e por isso, precisando ser tratados. 

Este processo exarcebado de cicatrização se dá pela perda de mecanismos que controlam o equilíbrio entre o reparo e a regeneração de tecidos. 

Por estar diretamente relacionado a questões genéticas, é um distúrbio de difícil controle. Se uma pessoa tem tendência a formar queloides, elas podem surgir dos mais simples ferimentos, como um pequeno corte ou queimadura e até mesmo de uma acne. 

Em casos mais severos, um queloide surge depois de furar orelha, colocar piercing e no trauma de uma tatuagem.

Além disso, existem os queloides espontâneos, que embora sejam raros, merecem importância. Por mais surpreendente que possa parecer, algumas pessoas desenvolvem queloides mesmo na ausência de feridas na pele.

Queloide ou cicatriz hipertrófica?

Você sabe qual a diferença? 

Assim como é o caso do queloide, o qual acabamos de definir, a cicatriz hipertrófica é uma forma anormal de cicatrização da pele, o que leva ao aparecimento de grandes cicatrizes, e consequentemente, a danos estéticos. 

A primeira diferença esta no tempo que elas levam para se formar. Enquanto o queloide leva aproximadamente 3 a 4 meses para aparecer, a cicatriz hipertrófica se desenvolve na área lesada apenas duas semanas após a ferida ou incisão. 

Visualmente falando, também temos diferenças consideráveis. 

O queloide é uma cicatriz densa, em alto relevo, vermelha ou escura. A lesão não se restringe apenas à área onde a pele foi lesada, mas se estende por zonas subjacentes. 

Diferentemente, a cicatriz hipertrófica apesar de grande e avermelhada, tende a se limitar a ferida e por isso, é geralmente menor se comparada ao queloide. 

Por último, enquanto o queloide tende a evoluir ao longo dos anos, a cicatriz hipertrófica tem seu crescimento limitado e regride após um período, desaparecendo completamente após 1 ou 2 anos, e deixando a área afetada uma pouco mais fina, mas da mesma cor que o restante da pele. 

Histologicamente não há ainda uma boa forma de distinguir os dois tipos de lesão, já que tanto no microscópio óptico como no eletrônico elas são visivelmente iguais. Ambas são compostas por tecido fibroso.

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O queloide não é em si um problema de saúde, embora possa ser tratado. Sendo assim, não há necessidade de assistência médica imediata a não ser pelos danos estéticos provocados.

Grupos de Risco

Como vimos, a queloide pode surgir em qualquer pessoa e nos mais diversos tipos de pele, existem alguns grupos de risco que merecem ser citados, pessoas que são mais propensas ao problema. Vamos a alguns exemplos? 

  • Mulheres 
  • Afro-descendentes
  • Pessoas com ascendência asiática e hispânica
  • Indivíduos que possuem entre 10 e 30 anos de idade
  • Pessoas que possuem casos de queloides na família

Não há ainda uma explicação clara para essa maior prevalência, que é prova de um importante fator genético e hereditário envolvido. 

Fazer parte do grupo de risco não quer dizer que terá queloides. Entretanto, você precisará ter ainda mais cuidados diante de feridas e principalmente durante a recuperação de incisões cirúrgicas. Falaremos mais sobre prevenção adiante neste artigo. 

Causas

Ainda não existe consenso dos médicos a respeito de porque os queloides se formam. Até então, há uma única certeza, que está relacionado a genética do indivíduo, que pode torna-lo mais ou menos propenso a desenvolver o distúrbio. 

Embora não saibamos o motivo, sabe-se que, aqueles que possuem predisposição, podem desenvolver o problema independentemente do tipo de ferida presente. Veja abaixo alguns exemplos de lesões que podem evoluir para queloides. 

  • Cortes cirúrgicos
  • Feridas traumáticas
  • Queimaduras
  • Pequenos arranhões
  • Acne
  • Varicela
  • Furos nas orelhas
  • Tatuagens
  • Locais de vacinação

Ao perceber alguma alteração na cicatrização da sua pele, agende uma consulta com um médico dermatologista.

Diagnóstico

O queloide não é em si um problema de saúde, embora possa ser tratado. Sendo assim, não há necessidade de assistência médica imediata a não ser pelos danos estéticos provocados. 

Entretanto, recomenda-se a consulta médica sempre que houverem sintomas de problemas de cicatrização, afinal, existem outras situações possíveis além desta aqui apresentada. 

O quadro pode ser diagnosticado por clínicos gerais e dermatologistas, e geralmente é identificado a partir da análise clinica. Raramente exames complementares são necessários. 

A consulta terá início com a anamnese, que permitirá ao médico conhecer melhor o histórico de saúde do seu paciente e entender em profundidade a sua queixa.

É muito importante que sejam apresentados ao médico todos os sintomas, e descrito a quanto tempo cada um deles surgiu. Também devem ser compartilhadas outras condições médicas presentes, medicamentos e suplementos utilizados com regularidade. 

O exame físico é muito importante para o diagnóstico de queloide. Através de uma observação cautelosa da lesão, o especialista irá diferenciar o queloide de outros problemas, como a cicatriz hipertrófica já comentada anteriormente. 

Caso esta análise não seja suficiente para que o médico conclua com segurança que se trata de um quadro de queloide, ele pode requerer uma biópsia da lesão. 

Neste caso, é retirado um pequeno pedaço de pele na região acometida e encaminhado para exame microscópico. Desta forma, é possível descartar outras doenças similares, evitando confusões e garantindo uma escolha terapêutica adequada. 

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Tratamento para queloide 

Na maioria dos casos não há necessidade de tratamento, pelo menos não por questão de saúde. Entretanto, se a lesão tem te incomodado de alguma forma, você pode optar por removê-la, e existem diversas formas de fazer isso. 

Vale ressaltar que, apesar dos tratamentos a disposição serem úteis para retirada do queloide, nada garante que ele não vai reincidir eventualmente.  

Dito isso, vamos para as melhores alternativas terapêuticas recomendadas. 

Medicamentos

O uso de fármacos é muito comum em casos de queloides, na maioria dos casos em forma de pomadas. Veja quais são os principais medicamentos utilizados: 

  • Betatrinta
  • Contractubex
  • Decadron
  • Diprospan
  • Duoflam

Em todos os casos, o uso de qualquer remédio deve ser feito mediante indicação médica. A automedicação é contraindicada e oferece riscos à saúde.

Corticoides injetáveis 

Entre os tratamentos mais utilizados contra queloides, os corticoides injetáveis são aplicados diretamente sobre a cicatriz, geralmente quando ela começa a se tornar mais espessa. 

Se você já tem predisposição ao problema, pode utilizar o tratamento mesmo na ausência de sintomas do distúrbio.

Ligaduras de compressão 

A compressão é uma terapia mais longa, deve ser aplicada no local durante 12 meses. Além de ajudar a reduzir as dimensões das lesões, ela pode ser utilizada como forma de prevenção.

Criocirurgia

A criocirurgia é uma excelente alternativa para conter a evolução dos queloides quando a pele do paciente é menos pigmentada. Geralmente este tratamento é realizado em combinação com as injeções de cortisona. 

O procedimento consiste em um leve congelamento da pele, que causa redução da circulação sanguínea. Com isso, é eliminada a camada mais superficial do tecido cutâneo, minimizando a queloide e retardando seu crescimento.

Radioterapia 

Você provavelmente deve ter ouvido falar da radioterapia como um tratamento contra câncer, sem dúvidas essa é a sua principal utilidade. Entretanto, é também uma alternativa comumente aplicada aos queloides.

São utilizadas radiações ionizantes capazes de penetrar a pele e reduzir a formação de cicatrizes. 

A terapia deve ser realizada logo após a cirurgia durante o tempo de recuperação da ferida cirúrgica. 

Terapia a laser 

A terapia a laser é um procedimento minimamente invasivo utilizado para remoção de lesões na pele. 

Os lasers provocam morte celular, eliminando as camadas mais superficiais do tecido cutâneo, cooperando para redução da massa da queloide.

Peeling químico

O peeling é muito conhecido como um procedimento antienvelhecimento. No caso do peeling químico, é aplicado sobre a pele uma solução que, ao entrar em contato com este tecido, ajuda em sua regeneração minimizando cicatrizes já presentes e combatendo as que possam vir a existir.  

Cirurgia 

Caso nenhum dos tratamentos anteriores sejam viáveis, a cirurgia de remoção pode ser uma boa opção. Este é um procedimento mais invasivo. e por isso exige cuidados pré e pós a sua realização. 

Geralmente, esta é a opção terapêutica indicada para queloides reincidias. A remoção deve ser seguida por injeções intra-lesionais de corticoide, que são importantes para evitar recorrência. 

Contudo, mesmo com todos os cuidados, não há garantia de que não surjam novas lesões. Existem casos onde as novas cicatrizes são ainda maiores que as anteriores. 

Todo o tratamento, de seu planejamento a execução e acompanhamento dos resultados, deve ser feito por um profissional competente e experiente, que irá direcionar cada passo de acordo com as necessidades de seu paciente, sempre buscando os melhores resultados possíveis.

Como prevenir 

Enfim, chegou o momento de falarmos em prevenção. Precisamos ser honestos neste sentido. Se você tem predisposição aos queloides, não há como garantir que eles não se formem. 

Porém, sem dúvidas, vale a pena se cuidar. Você deve fazer a sua parte. Preparamos algumas dicas. 

  • Limpe bem a ferida e cubra-a com gaze para evitar agressões 
  • Não arranhe e nem coce a cicatriz 
  • Nunca mexa nas costas em formação e nem mesmo retire as já formadas
  • Cuide bem de sua alimentação, alimentos ricos em vitamina E como tomates, pimentões e ovos podem ajudar 
  • Evite ao máximo qualquer procedimento que posso vir a causar perfurações na pele, em especial se tiver histórico de queloide em sua família 
  • Diante de qualquer sinal de cicatrização inadequada, fale com um dermatologista e se preciso comece cedo o tratamento através de pomadas cicatrizantes 

Mitos e Verdades

Agora que você já sabe tudo sobre queloides, vamos desmitificar algumas informações sobre este tema. Analisamos brevemente alguns mitos e verdades para que você não tenha nenhuma dúvida a respeito.

Queloide é hereditário

Verdade. Existe um fator genético importante envolvido no desenvolvimento de queloides, por isso, se há alguém em sua família com o problema, há um maior risco de você desenvolve-lo. Mas é claro, isso não garante que você sofrerá com o distúrbio.

O tratamento do queloide é doloroso e demorado

Mito. Como vimos, existem diversas formas de tratar essas lesões e nem todas elas doem ou demoram. As pomadas, por exemplo, são uma opção de tratamento indolor. Além disso, o tempo para aparecimento dos resultados depende muito do procedimento escolhido.

Alguns lugares do corpo são mais propensos a queloides

Verdade. Essa questão é facilmente explicada pela capacidade de cicatrização de cada parte do corpo. Não é uma regra, mas regiões como o peitoral mandibular são mais suscetíveis, especialmente se comparadas ao pescoço, às pálpebras e ao antebraço, que têm uma cicatrização bem mais eficiente.

A exposição solar pode causar queloide

Mito. A exposição solar não causa queloides, apesar de poder causar a sua hipercromia. Contudo, é recomendado proteger cicatrizes do sol, principalmente se você está sob tratamento, para que a aparência da pele não se torne ainda mais comprometida.

A alimentação pode ajudar na cicatrização

Verdade. O processo de cicatrização se dá de dentro para fora. Por isso, manter uma alimentação saudável pode sim te ajudar a evitar queloides. Neste sentido, recomendamos que evite o excesso de gorduras e carboidrato, preferindo uma dieta rica em colágeno e alimentos antioxidantes. 

Quem já teve queloides deve evitar ao máximo possível todos os tipos de lesões na pele

Verdade. Se você já sabe que tem predisposição, isso deve ser motivo para ser ainda mais cauteloso. Sendo assim, evite ao máximo qualquer procedimento invasivo. A sua saúde deve sempre prioridade, então se for um exame ou cirurgia realmente necessários, não tem jeito. Faça e tome os devidos cuidados, sempre com acompanhamento de um dermatologista. 

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