Tinea pedis – descubra o que é e como tratar a frieira/pé de atleta

Comumente chamada de frieira e pé de atleta, a tinea pedis é uma dermatofitose cutânea superficial causada por fungos. Acomete diferentes nichos de pessoas, principalmente aquelas que andam descalças em locais que os fungos vivem, geralmente regiões úmidas. 

Existem mais de 40 espécies de fungos, das quais 30 podem afetar diretamente humanos e causar infecções em várias partes do corpo, sendo mais comuns em países como o Brasil, cujo clima quente e úmido favorece a multiplicação desses microorganismos.

Continue lendo, entenda mais sobre o tema, causas, como diagnosticar, tratar e prevenir. Boa leitura.

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O que é a tinea pedis?

É uma micose que atinge os pés, causada por fungos dermatófitos (gêneros: Trichophyton, Microsporum e Epidermatophyton) que se alojam e reproduzem na pele, pelo e unhas, se alimentando da queratina presente nesses locais. 

Como os mesmos agentes podem causar infecções em diferentes partes do corpo, conforme a área afetada podem haver sintomas distintos, como a tinea corporis (que atinge o corpo) ou a tinea capitis (que atinge o couro cabeludo). 

O quadro mais comum é lesões avermelhadas, que descamam, em forma que se assemelha a um tecido de renda. Podem ser isoladas ou confluentes, a parte externa parece ser mais ativa. 

Afeta principalmente as dobras interdigitais (entre os dedos) e pode vir acompanhada de onicomicose. 

A doença causa descamação e infecção em até 15 dias após o contágio, quando presente em um ambiente com temperatura igual ou acima de 26ºC. 

Os tipos variam de acordo com o formato e agente causador, são eles

Crônica hiperqueratótica 

O causador é o fungo Trichophyton rubrum, capaz de provocar um tipo de lesão diferente dos demais. Manifesta-se na forma de descamação concentrada nas plantas dos pés até a região entre os dedos. 

É comumente confundida com maceração estéril por conta da hiperidrose nos pés ou uso de calçados apertados, dermatite de contato por sensibilidade aos materiais presentes no sapato (como cola adesiva) e psoríase. 

Ulcerativa aguda

Causada principalmente pelo fungo T. mentagrophytes var. interdigitale e tem como característica o acometimento dos 3º e 4º espaços interdigitais e estende-se para o dorso lateral e a planta do pé. 

As lesões nos dedos apresentam bordas descamativas, podendo apresentar infecções secundárias por bactérias e linfangite (infecção dos vasos linfáticos). 

Intertriginosa crônica 

É o tipo mais comum de tinea pedis. Caracteriza-se pela descamação, erosão da pele e eritema (vermelhidão). Atinge principalmente a região entre os 3 dedos laterais. 

Vesicobolhosa

Na forma vesicobolhosa há o aparecimento de lesões nas plantas dos pés que crescem e formam bolhas. É o tipo menos frequente, mas pode ser agravada por fatores de risco como sapatos fechados e ambiente úmido.

Quais os sintomas?

Usualmente acomete adolescentes e adultos. Em geral, os sintomas mais comuns são coceira no local afetado (principalmente entre os dedos dos pés), vermelhidão, descamação e rachaduras na pele. A sola dos pés fica ressecada e as dores são bastante comuns. 

A tinea pedis se manifesta clinicamente de três formas: lesões vermelhas que coçam principalmente nas regiões interdigitais dos pés, placa hiperceratótica (mais grossa que a pele normal) na planta e lateral dos pés, e lesões acompanhadas de bolhas na região medial dos pés. 

Como se pega?

O ambiente ideal para a reprodução dos fungos dermatófitos são locais úmidos, fechados e quentes. Em geral, a infecção se dá quando a pessoa anda descalça em locais úmidos contaminados pelos fungos, como banheiros, piscinas, saunas, vestiários público, entre outros.  

A transmissão ocorre diretamente pelo contato de pessoa para pessoa, animal para pessoa e do piso para a pessoa, e indiretamente quando há contato com utensílios contaminados pelos fungos como escova de cabelo, roupa de cama, carpetes e outras superfícies contaminadas.

Ademais, não basta ter contato com o fungo, mas também promover as condições ideais para sua proliferação, como calor e umidade. Assim, uma pessoa que teve contato com o fungo, não fez a higiene adequada e apenas colocou o calçado, tem chances de desenvolver a infecção.  

Pessoas que apresentam um quadro de hiperidrose (suor excessivo), diabéticos, portadores de HIV e de onicomicose, psoríase, entre outras doenças que atingem os pés, possuem maior risco de desenvolver os diferentes tipos de dermatofitoses.  Além disso, algumas pessoas parecem ser naturalmente mais suscetíveis à tinea pedis em relação a outras, contudo, as causas ainda são desconhecidas. 

O principal fator de risco para o desenvolvimento da tinea pedis é o uso frequente de tênis para atividades esportivas, cujo ambiente é o ideal para o crescimento do fungo. Esse tipo de calçado é fechado e estão frequentemente úmidos pelo suor, por esse motivo a infecção é comumente chamada de “pé de atleta”.

Vestiários públicos como os de academia e clubes são ambientes com alta taxa de contaminação por fungos, visto que são locais úmidos e quentes, com pouca exposição solar e que são frequentados por pessoas com pés úmidos e quentes por conta das atividades físicas com tênis.

Como se dá o diagnóstico?

O próprio indivíduo pode identificar as lesões de acordo com a descrição acima. Caso tenha alguma dúvida é necessário recorrer ao médico dermatologista que irá avaliar a natureza das lesões. Se for necessário será solicitado o exame micológico para diferenciar de outras condições como maceração estéril, psoríase ou hipersensibilidade aos compostos dos calçados.

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Qual o tratamento?

O tratamento da tinea pedis pode ser feito inicialmente com pomadas anti fungicidas, algumas delas são vendidas sem necessidade de receita médica. Trata-se de um procedimento muitas vezes simples e deve ser feito logo no início, quando identificadas as lesões para evitar a extensão do quadro e contaminação de outras pessoas que convivem com o paciente afetado. 

As pomadas e cremes mais comuns possuem como agentes a terbinafina ou naftifina, que apresentam os melhores resultados. As alternativas para uma resposta mais duradoura são o itraconazol, miconazol, cetoconazol, clotrimazol ou butenafina. O tratamento tópico costuma ser feito 1 ou 2 vezes por dia, por até 4 semanas.

A medicação oral é aplicada em casos mais graves, a partir da administração de antifúngicos sistêmicos, como o cloridrato de terbinafina em comprimidos, além dos antifúngicos azóis como o itraconazol em comprimidos e o fluconazol, todos em comprimidos. 

O dermatologista vai, a partir do diagnóstico, definir a medicação mais eficiente conforme cada caso. O tratamento via oral tem duração de 15 a 30 dias para a tinea pedis e até 90 dias para outras dermatofitoses.

O tratamento pode não ser 100% eficiente quando há alguma irregularidade, quando o paciente apresenta alguma tolerância e não há a absorção eficiente da medicação, resistência dos fungos e re-exposição ao agente causador.

Quando ir ao médico?

Quando o tratamento tópico não funcionar, pois pode ser outra condição e não tinea pedis. Pessoas imunodeprimidas podem ter quadros extensos e difíceis de tratar.

Além disso, pessoas com diabetes mellitus e déficit de retorno venoso devem consultar o dermatologista para evitar que a micose sirva de porta de entrada para outras infecções bacterianas no tecido mole das penas, podendo chegar a um quadro de erisipela (infecção cutânea). 

A tinea pedis é mais comum do que parece, mas exige atenção. Procure um dermatologista sempre que notar alguma mancha ou lesão estranha, uma vez que quanto mais cedo for identificada, maiores as chances de tratamento de diversas doenças que atingem a pele. 

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