O melasma facial é uma condição dermatológica comum, caracterizada pelo surgimento de manchas acastanhadas ou acinzentadas na pele do rosto. Popularmente conhecido como “cloasma” ou “pano” durante a gravidez, o problema é causado pela produção excessiva e deposição irregular de melanina, o pigmento que dá cor à pele.
Embora possa afetar qualquer pessoa, é mais frequente em mulheres (cerca de 90% dos casos, segundo a Academia Americana de Dermatologia). Peles morenas e indivíduos com predisposição genética têm maior risco. A boa notícia é que existem diversas estratégias para controle e tratamento.
Neste guia, você entenderá as causas, os sintomas, como é feito o diagnóstico e as principais opções terapêuticas disponíveis. Boa leitura!
Quais os sintomas do melasma no rosto?
O sintoma central é o aparecimento de manchas planas, sem relevo, com coloração que varia do marrom claro ao escuro ou acinzentado. Elas possuem formatos irregulares, mas bem delineados, e surgem de forma simétrica – ou seja, nos dois lados do rosto ao mesmo tempo.
As áreas mais comumente afetadas são:
- Maçãs do rosto (bochechas);
- Testa;
- Aréa superior do lábio (bigode chinês);
- Queixo e mandíbula;
- Ponte do nariz.
Os padrões de distribuição no rosto são classificados em três tipos principais, que ajudam no diagnóstico.
Padrões Frequentes do Melasma Facial
Clique em cada padrão para ver a área afetada no diagrama.
Selecione um padrão acima. O diagrama mostrará a área correspondente e uma breve descrição aparecerá aqui.

Quais os tipos de melasma no rosto?
A classificação do melasma leva em conta a camada da pele onde o pigmento (melanina) se depositou. Essa distinção é crucial, pois influencia diretamente na escolha do tratamento e no prognóstico. Os três tipos são:
Melasma epidérmico: O pigmento está localizado na camada mais superficial da pele (a epiderme). Geralmente tem cor marrom mais definida e responde melhor aos tratamentos tópicos e procedimentos de renovação superficial.
Melasma dérmico: O pigmento se deposita mais profundamente, ao redor dos vasos sanguíneos da derme. As manchas tendem a ter um tom acinzentado ou azulado e são mais desafiadoras para tratar, exigindo abordagens que alcancem camadas mais profundas.
Melasma misto: É o tipo mais comum. Combina características dos dois anteriores: há pigmento tanto na epiderme quanto na derme. O tratamento requer uma combinação de estratégias para abordar as diferentes profundidades.
Quais as causas?
O melasma é uma condição multifatorial, ou seja, surge da combinação de vários fatores. A causa central é a produção excessiva de melanina pelos melanócitos (células produtoras de pigmento). Esse processo é desencadeado e agravado por:
- Exposição à radiação ultravioleta (UV) e à luz visível: O sol é o principal gatilho. Mesmo uma pequena exposição sem proteção pode reativar o melasma. A luz visível (como a de telas e lâmpadas) também tem papel comprovado.
- Calor: O aumento da temperatura local (como ao cozinhar ou usar secador de cabelo) pode estimular os melanócitos.
- Fatores hormonais: Alterações nos níveis de estrogênio e progesterona são grandes desencadeadores. Por isso, é comum na gravidez (cloasma), com o uso de pílulas anticoncepcionais ou terapia de reposição hormonal.
- Predisposição genética: Ter um familiar próximo com melasma aumenta significativamente a chance de desenvolver a condição.
- Uso de certos medicamentos e cosméticos: Alguns fármacos (como anticonvulsivantes) e produtos que irritam a pele podem piorar o quadro.
Como é conduzido o diagnóstico?
O diagnóstico é primariamente clínico, feito por um dermatologista. O médico analisa as características das manchas e o histórico do paciente. Para um diagnóstico preciso e para determinar a profundidade do pigmento, ele pode utilizar recursos como:
- A Lâmpada de Wood: Um aparelho que emite uma luz ultravioleta especial. Sob essa luz, o pigmento na epiderme fica mais evidente, enquanto o pigmento dérmico é menos visível. Isso ajuda a classificar o tipo de melasma e a planejar o tratamento.
- Dermatoscopia: Um microscópio manual que aumenta a visão da pele, permitindo analisar detalhes da pigmentação e descartar outras condições.
Exames como biópsia são raramente necessários, apenas em casos de dúvida diagnóstica para excluir outras doenças.
Para otimizar a consulta, leve informações sobre quando as manchas surgiram, seus hábitos de exposição solar, uso de medicamentos (especialmente hormônios) e se há casos na família.
Fluxo do Diagnóstico do Melasma
Visualize o caminho desde a suspeita até a confirmação do diagnóstico.
Suspeita Clínica
Paciente percebe manchas simétricas e acastanhadas no rosto (testa, bochechas, buço).
Consulta com Dermatologista
Avaliação detalhada do histórico (sol, hormônios, família) e exame físico das lesões.
Exames de Apoio
Lâmpada de Wood ou Dermatoscopia para definir a profundidade do pigmento (Epidérmico, Dérmico ou Misto) e excluir diagnósticos diferenciais.
Diagnóstico Confirmado & Plano de Ação
Com as informações reunidas, o médico confirma o diagnóstico de melasma e propõe um plano de tratamento personalizado, incluindo fotoproteção rigorosa.

Qual o tratamento?
O tratamento do melasma é considerado um “controle da doença” e não uma cura definitiva, devido à sua natureza crônica e recidivante. O sucesso depende de uma abordagem combinada, que sempre inclui a fotoproteção absoluta. O dermatologista define o protocolo com base no tipo de melasma, profundidade do pigmento e características da pele do paciente.
Dermocosméticos e cremes clareadores (Tratamento Tópico)
A base de qualquer tratamento, age inibindo a produção de melanina, renovando a pele e uniformizando o tom. São usados por longos períodos, com acompanhamento médico.
- Hidroquinona (2-4%): O agente clareador de referência. Atua inibindo diretamente a enzima tirosinase, crucial na produção de melanina. Uso deve ser cíclico (geralmente 2-3 meses com pausas) para evitar irritação ou ocronose (escurecimento paradoxal).
- Ácidos (Retinoico, Azelaico, Glicólico, Kójico, Tranexâmico Tópico): Formam o “coquetel clareador”. Promovem renovação celular, inibem a transferência de melanina e têm ação anti-inflamatória. O ácido tranexâmico, em especial, tem ganhado destaque por bloquear a ligação entre melanócitos e queratinócitos.
- Corticoides tópicos (leves): Usados por curtos períodos em fórmulas combinadas (como o “tripla combinação”: hidroquinona + tretinoína + corticoide) para reduzir inflamação e potencializar o clareamento, minimizando irritação.
Os resultados começam a ser notados após 6-8 semanas de uso consistente. A adesão e a fotoproteção são essenciais para manter os resultados.
Procedimentos em Consultório (Tratamentos Complementares)
Indicados para potencializar os resultados dos cremes, especialmente em melasmas mais resistentes ou mistos/dérmicos. Exigem profissionais experientes, pois técnicas agressivas podem piorar o quadro.
- Peeling químico: Aplicação controlada de ácidos (glicólico, retinoico, tricloroacético) para promover descamação e renovação da pele, levando embora o pigmento superficial. São necessárias várias sessões.
- Microagulhamento: Cria microcanais na pele para aumentar a penetração de ativos clareadores aplicados em seguida (drug delivery). Também estimula a renovação do colágeno.
- Laser e Luz Intensa Pulsada (IPL) de baixa fluência: Tecnologias modernas, como o laser de picossegundos e o Q-Switched Nd:YAG de baixa potência, fragmentam o pigmento de forma precisa com mínimo calor, reduzindo o risco de rebote. Não são lasers abrasivos.
A escolha do procedimento é individualizada. O objetivo é obter clareamento gradual e seguro, nunca uma abrasão agressiva da pele.
Comparativo de Principais Tratamentos para Melasma
Clique nas abas para explorar os detalhes de cada categoria de tratamento.
| Princípio Ativo / Técnica | Como Funciona | Observações |
|---|---|---|
| Hidroquinona | Inibe a enzima tirosinase, bloqueando a produção de melanina. | Padrão-ouro. Uso deve ser cíclico e com supervisão médica para evitar efeitos adversos. |
| Ácido Tranexâmico Tópico | Interrompe a comunicação entre células que desencadeia a pigmentação. | Alternativa eficaz e segura, com baixo risco de irritação. |
| Retinoides (Tretinoína) | Acelera a renovação celular, eliminando células pigmentadas. | Pode causar irritação e descamação inicial. Fotoproteção é obrigatória. |
Importante: Esta tabela é um guia informativo. A indicação e a combinação exata de tratamentos devem ser determinadas por um dermatologista após avaliação individual. O tratamento de manutenção e a fotoproteção diária são fundamentais para todos os casos.
Quando procurar o dermatologista?
Ao notar o surgimento de manchas no rosto, especialmente se forem simétricas e de cor acastanhada. Não espere que elas “sumam sozinhas” ou tente tratamentos caseiros, que podem piorar a situação. A avaliação precoce por um especialista é fundamental para um diagnóstico correto e para iniciar o tratamento adequado, prevenindo o agravamento das manchas. Além do melasma, outras condições podem causar manchas faciais, e apenas o dermatologista pode diferenciá-las.
Como prevenir?
A prevenção do melasma é sinônimo de proteção solar e de luz visível rigorosa e diária, independentemente do clima. É a medida mais eficaz para evitar o surgimento de novas manchas e a piora das existentes.
- Protetor Solar de Amplo Espectro (FPS 50+, no mínimo): Use todos os dias, mesmo em ambientes fechados, reaplicando a cada 2-3 horas se estiver exposto. Dê preferência a fórmulas com cor (pigmento de óxido de ferro), que oferecem uma barreira física adicional contra a luz visível.
- Proteção Física: Chapéus de aba larga, bonés, viseiras e óculos escuros são aliados essenciais, principalmente nos horários de pico de sol (10h às 16h).
- Evite Fontes de Calor: Reduza a exposição direta ao calor do fogão, forno e secadores de cabelo próximos ao rosto.
- Consulte um dermatologista antes de usar hormônios: Se você tem predisposição, discuta os riscos de métodos contraceptivos hormonais ou de terapias de reposição com seu médico.