A calvície masculina, também conhecida como alopecia androgenética, é a principal causa de perda de cabelos em homens. Trata-se de uma condição hereditária, ou seja, transmitida geneticamente de pais para filhos, sendo mais frequente em pessoas de ascendência europeia.
Estima-se que cerca de 50% dos homens apresentarão algum grau de calvície ao longo da vida. Os primeiros sinais podem surgir ainda na adolescência, mas a condição se torna mais evidente entre os 25 e 40 anos de idade. A progressão é gradual: inicialmente, os fios demoram mais para crescer; posteriormente, tornam-se mais finos (processo chamado de miniaturização) até pararem de crescer completamente em determinadas áreas.
Neste artigo, você encontrará informações completas sobre a calvície masculina: como identificar os sintomas, entender as causas e conhecer os tratamentos mais eficazes disponíveis atualmente.
Sinais comuns incluem aumento na quantidade de fios no travesseiro, na escova e no ralo do chuveiro, além de diminuição perceptível na espessura dos cabelos e surgimento de áreas com menor densidade no couro cabeludo.
Sintomas da calvície masculina
Os primeiros sinais da calvície costumam aparecer por volta dos 17 a 20 anos, tornando-se mais evidentes após os 25 anos e se intensificando à medida que o homem se aproxima dos 40 anos.
Os sintomas iniciais incluem:
Aumento na quantidade de fios que caem diariamente (no travesseiro, escova ou ralo do chuveiro)
Diminuição da espessura dos fios
Surgimento de falhas no couro cabeludo
Com a progressão da condição, surgem áreas sem cabelo na região frontal da cabeça, conhecidas popularmente como “entradas”. Posteriormente, forma-se a “coroa” ou “tonsura” — uma área circular sem cabelos no topo da cabeça. Nos estágios mais avançados, os fios se concentram apenas nas regiões lateral e posterior do crânio.
A velocidade de progressão varia de pessoa para pessoa, podendo levar anos ou décadas até atingir estágios avançados.
Escala Hamilton-Norwood: Estágios da Calvície
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Ciclo de vida do cabelo
É normal perder cabelos todos os dias. Porém, para entender quando a queda é preocupante, é fundamental conhecer o ciclo de vida do cabelo.
Os fios de cabelo são estruturas compostas principalmente de queratina (uma proteína) que crescem a partir dos folículos pilosos — pequenas estruturas localizadas na derme (camada profunda da pele). Cada região do corpo possui folículos com características próprias, o que explica as diferenças entre cabelos, barba, cílios e pelos corporais.
O couro cabeludo possui aproximadamente 100 a 150 mil folículos. Os cabelos crescem em média 1 a 1,5 cm por mês, e é considerado normal perder entre 50 e 100 fios diariamente. Em determinadas épocas do ano ou fases da vida, essa queda pode ser temporariamente maior.
O ciclo de vida do cabelo compreende três fases distintas:
Fase Anágena (crescimento): É a fase ativa, em que o cabelo cresce continuamente. Dura em média 2 a 6 anos, podendo chegar a 7 anos em alguns casos. Quanto mais longa essa fase, maior o comprimento que o cabelo pode atingir.
Fase Catágena (transição): Fase curta, de 2 a 3 semanas, em que o cabelo para de crescer. O folículo se contrai e se prepara para liberar o fio.
Fase Telógena (repouso e queda): Dura cerca de 3 a 4 meses. O fio antigo se desprende naturalmente enquanto um novo começa a se formar no mesmo folículo, reiniciando o ciclo.
Em condições normais, aproximadamente 85-90% dos cabelos estão na fase de crescimento, 1-2% na fase de transição e 10-15% na fase de repouso. Na calvície, esse equilíbrio é alterado: a fase de crescimento torna-se cada vez mais curta, e os fios produzidos são progressivamente mais finos até que o folículo deixa de produzir cabelos visíveis.
Ciclo de Vida do Cabelo
Anágena
2-6 anos
Fase de crescimento ativo. O cabelo cresce ~1cm/mês
85-90% dos fios
Catágena
2-3 semanas
Fase de transição. O folículo se contrai
1-2% dos fios
Telógena
3-4 meses
Fase de repouso. O fio cai naturalmente
10-15% dos fios
Na calvície, a fase anágena encurta progressivamente e os fios se tornam cada vez mais finos
Calvície ou queda comum?
Agora que você conhece o ciclo capilar e sabe que a queda diária de fios é um processo natural, como diferenciar uma queda normal dos sintomas da calvície?
A queda fisiológica (normal) é caracterizada pela perda de 50 a 100 fios por dia, que são naturalmente repostos pelo organismo. Essa queda pode aumentar temporariamente em situações de estresse, mudanças sazonais ou alterações hormonais, mas tende a se normalizar espontaneamente.
Já a calvície se caracteriza por uma queda persistente e progressiva, acompanhada do afinamento dos fios e do surgimento de falhas no couro cabeludo — especialmente nas entradas e no topo da cabeça.
Se você tem histórico familiar de calvície (pai, avô ou tios com a condição), é importante observar os primeiros sinais e buscar avaliação dermatológica precocemente. O tratamento iniciado nas fases iniciais apresenta melhores resultados, pois é mais fácil manter os folículos ativos do que recuperar aqueles que já pararam de funcionar.
Causas da calvície
A calvície masculina resulta da combinação de dois fatores: predisposição genética e ação dos hormônios andrógenos (hormônios masculinos).
O principal responsável é o DHT (di-hidrotestosterona), um hormônio derivado da testosterona. A conversão ocorre pela ação de uma enzima chamada 5-alfa-redutase, presente nos folículos pilosos. O DHT é cerca de cinco vezes mais potente que a testosterona em sua ação sobre os folículos.
Em pessoas geneticamente predispostas, os folículos de certas regiões do couro cabeludo (frente e topo) são sensíveis ao DHT. Quando esse hormônio se liga aos receptores desses folículos, ocorre um processo chamado miniaturização folicular: a fase de crescimento (anágena) se encurta progressivamente, e os fios produzidos tornam-se cada vez mais finos e curtos, até que o folículo deixa de produzir cabelos visíveis.
É importante notar que os folículos das regiões lateral e posterior da cabeça geralmente não possuem receptores sensíveis ao DHT, razão pela qual os cabelos dessas áreas são preservados — e também por isso são utilizados como área doadora em transplantes capilares.
Asmulheres também podem desenvolver alopecia androgenética, embora com menor frequência e padrão diferente (rarefação difusa no topo, preservando a linha frontal). Mulheres com síndrome dos ovários policísticos, alterações hormonais ou histórico familiar têm maior predisposição.
Outros fatores podem contribuir para a queda de cabelo ou agravar a calvície: deficiências nutricionais (ferro, zinco, vitaminas), alterações da tireoide, estresse crônico, uso de certos medicamentos e tratamentos químicos agressivos nos cabelos.
Quando procurar um médico dermatologista?
Recomenda-se buscar avaliação dermatológica ao primeiro sinal de queda de cabelo acima do normal, especialmente se você tem histórico familiar de calvície.
Sinais que indicam a necessidade de consulta:
Queda de cabelo persistente por mais de 2-3 meses
Afinamento perceptível dos fios
Surgimento de falhas ou rarefação
Recuo da linha do cabelo (entradas)
Excesso de oleosidade ou coceira no couro cabeludo
Evite a automedicação. Produtos que prometem resultados milagrosos ou imediatos raramente são eficazes e podem causar efeitos adversos, incluindo o agravamento da queda. O tratamento adequado deve ser individualizado por um médico dermatologista, que avaliará seu caso e indicará a melhor abordagem terapêutica.
Na Clínica de Dermatologia da Dra. Juliana Toma, em São Paulo, realizamos avaliação completa do couro cabeludo com dermatoscopia digital, permitindo diagnóstico preciso e acompanhamento da evolução do tratamento.
Tratamentos para calvície masculina
O objetivo do tratamento é estabilizar a queda, fortalecer os fios existentes e, quando possível, estimular o crescimento de novos cabelos. Como a calvície é uma condição genética progressiva, o tratamento geralmente deve ser mantido continuamente para preservar os resultados.
A abordagem mais eficaz combina diferentes modalidades terapêuticas, adaptadas ao estágio da calvície e às características de cada paciente. Os tratamentos aprovados cientificamente incluem medicamentos orais e tópicos, terapia com laser de baixa intensidade e transplante capilar.
Conheça as principais opções de tratamento disponíveis:
Finasterida
A finasterida é um medicamento oral que atua bloqueando a enzima 5-alfa-redutase tipo II, responsável pela conversão da testosterona em DHT. Ao reduzir os níveis de DHT em até 70%, a finasterida interrompe ou desacelera a miniaturização dos folículos.
Como funciona: A dose padrão é de 1mg por dia, via oral. Os resultados começam a ser percebidos após 3 a 6 meses de uso contínuo, com estabilização da queda e, em muitos casos, melhora da densidade capilar, especialmente nas regiões frontal e do vértice (topo).
Eficácia: Estudos demonstram que cerca de 80-90% dos homens apresentam estabilização da queda, e 60-65% observam algum grau de melhora na densidade.
Efeitos colaterais: Uma pequena porcentagem de pacientes (1-2%) pode apresentar efeitos colaterais sexuais, como diminuição da libido ou disfunção erétil, que geralmente são reversíveis com a suspensão do medicamento. Existem também formulações tópicas que minimizam a absorção sistêmica.
Importante: O uso deve ser prescrito e acompanhado por um médico. Se o tratamento for interrompido, a queda de cabelo tende a retornar ao padrão anterior em alguns meses.
Minoxidil
O minoxidil é um vasodilatador que, quando aplicado topicamente no couro cabeludo, estimula o crescimento capilar. Seu mecanismo exato não é completamente compreendido, mas acredita-se que melhore a circulação sanguínea nos folículos e prolongue a fase de crescimento (anágena).
Como usar: Disponível em soluções de 2% e 5% (esta mais eficaz para homens) ou em espuma. Deve ser aplicado diretamente no couro cabeludo seco, 1 a 2 vezes ao dia, massageando suavemente para melhor absorção.
Resultados: Os primeiros sinais de melhora surgem após 3 a 4 meses de uso regular. É comum observar uma queda inicial temporária (shedding) nas primeiras semanas, que indica que o produto está funcionando — fios mais fracos caem para dar lugar a fios mais saudáveis.
Efeitos colaterais: Podem incluir irritação local, ressecamento do couro cabeludo e, raramente, crescimento de pelos em áreas não desejadas (face, mãos) ou palpitações. A formulação em espuma tende a causar menos irritação.
Terapia com laser de baixa intensidade (LLLT)
O laser de baixa intensidade (Low-Level Laser Therapy – LLLT) é uma opção terapêutica não invasiva aprovada pela FDA para tratamento da alopecia androgenética. Utiliza luz em comprimentos de onda específicos (geralmente 650-670nm) para estimular a atividade celular dos folículos pilosos.
Mecanismo de ação: A luz do laser é absorvida pelas mitocôndrias das células foliculares, estimulando a produção de ATP (energia celular). Isso resulta em aumento da divisão celular, melhor síntese de proteínas e prolongamento da fase de crescimento do cabelo.
Tecnologia de ponta: Em nossa clínica, utilizamos o Discovery Pico da Quanta System, um laser de picossegundos que representa o que há de mais moderno em tecnologia laser dermatológica. Esse equipamento oferece pulsos ultracurtos com alta precisão, permitindo tratamentos mais eficazes e confortáveis para diversas condições do couro cabeludo.
Indicação: Mais eficaz em estágios iniciais e intermediários da calvície, quando os folículos ainda estão ativos. É frequentemente utilizado em combinação com finasterida e minoxidil para potencializar os resultados. O tratamento é indolor e não apresenta efeitos colaterais significativos.
Transplante capilar
O transplante capilar é um procedimento cirúrgico que consiste na transferência de folículos pilosos de áreas doadoras (geralmente a região posterior e lateral da cabeça) para as áreas calvas. Os folículos transplantados mantêm sua característica genética original e, por isso, são resistentes à ação do DHT.
Técnicas disponíveis:
FUT (Follicular Unit Transplantation): Retira uma faixa de couro cabeludo da área doadora, que é dividida em unidades foliculares
FUE (Follicular Unit Extraction): Extrai os folículos individualmente, sem cicatriz linear visível
Resultados: Os fios transplantados caem nas primeiras semanas (fase normal), e o crescimento definitivo começa após 3 a 4 meses, com resultado final visível entre 12 e 18 meses.
Considerações: O transplante não impede a progressão da calvície nas áreas não tratadas. Por isso, geralmente é recomendado manter o tratamento clínico (finasterida/minoxidil) para preservar os cabelos nativos. O procedimento deve ser realizado por profissional médico habilitado e experiente.
Comparativo de Tratamentos para Calvície
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Tratamento
Eficácia
Tempo p/ Resultado
Tipo
Indicação
Finasterida
Alta
3-6 meses
Oral
Estágios I-V
Minoxidil
Moderada-Alta
3-4 meses
Tópico
Todos os estágios
Laser LLLT
Moderada
4-6 meses
Procedimento
Estágios I-IV
Transplante
Alta
12-18 meses
Cirúrgico
Estágios III-VII
Dica: A combinação de tratamentos geralmente oferece os melhores resultados. Consulte um dermatologista para definir a melhor estratégia para o seu caso.
Outros tipos de queda de cabelo
Além da alopecia androgenética (calvície masculina), existem outras condições que podem causar queda de cabelo. É importante diferenciá-las, pois cada uma requer abordagem específica:
Eflúvio anágeno
Queda abrupta de cabelos que estão na fase de crescimento. Ocorre tipicamente após quimioterapia, radioterapia ou exposição a substâncias tóxicas. Os cabelos geralmente voltam a crescer após cessar a causa.
Eflúvio telógeno
Queda difusa e temporária, geralmente 2 a 4 meses após um evento desencadeante: estresse intenso, pós-parto, febre alta, dietas muito restritivas, deficiências nutricionais, alterações hormonais ou início/suspensão de medicamentos. É autolimitada e os cabelos se recuperam após tratamento da causa.
Alopecia por tração
Perda de cabelos causada por tensão repetida nos fios: penteados muito apertados (rabos de cavalo, tranças, coques), uso excessivo de apliques ou megahair. Se identificada precocemente, é reversível com mudança de hábitos.
Alopecia areata
Doença autoimune em que o sistema imunológico ataca os próprios folículos pilosos. Caracteriza-se por placas arredondadas de queda de cabelo, que podem surgir no couro cabeludo, barba ou qualquer parte do corpo. Pode ser tratada com corticoides e outros medicamentos.
Tinea capitis
Infecção fúngica do couro cabeludo, mais comum em crianças. Causa placas com descamação, fios quebrados e, às vezes, inflamação. Requer tratamento antifúngico oral.
Somente um médico dermatologista pode fazer o diagnóstico correto através de exame clínico, dermatoscopia e, quando necessário, exames complementares.
Está preocupado com a queda de cabelo?
Na Clínica Dra. Juliana Toma, oferecemos avaliação dermatológica completa com tecnologia de ponta, incluindo o Discovery Pico Laser da Quanta System. Diagnóstico preciso é o primeiro passo para resultados eficazes.
Médica Dermatologista - CRM-SP 156490 / RQE 65521 |
Médica formada pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM), com Residência Médica em Dermatologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM), com Título de Especialista em Dermatologia.
Especialização em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês. Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA.
Ex-Conselheira do Conselho Regional de Medicina (CREMESP).
Coordenadora da Câmara Técnica de Dermatologia do CREMESP (2018-2023).
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