Quais são os tipos de acne, seus graus e principais tratamentos

A acne é uma das condições dermatológicas mais comuns no mundo, afetando principalmente adolescentes, mas também um número significativo de adultos. Muito mais do que um problema estético, trata-se de uma doença inflamatória da pele que pode impactar a autoestima e a qualidade de vida.

Entender suas causas, os diferentes tipos e as opções de tratamento eficazes é o primeiro passo para controlá-la. Neste artigo, explicaremos de forma clara a ciência por trás da acne, classificaremos seus tipos e graus, e detalharemos as estratégias modernas de tratamento. Para um guia completo focado nas manchas e cicatrizes pós-acne, clique aqui.

O que é acne e o que a causa?

A acne é uma doença inflamatória crônica das unidades pilosebáceas, formadas pelo folículo piloso (o “poro”) e pela glândula sebácea. Sua formação segue um processo de quatro passos principais:

1. Produção excessiva de sebo (oleosidade): Estimulada principalmente por hormônios (andrógenos), comum na adolescência, mas também em fases como a menstruação, gravidez ou síndrome dos ovários policísticos.

2. Obstrução do folículo: As células da pele (queratinócitos) não se descamam corretamente e, misturadas ao sebo, formam um “tampão” que obstrui a saída do folículo. Isso gera o comedão (cravo). Se fechado, é um ponto branco; se aberto e oxidado, um ponto preto.

3. Proliferação bacteriana: A bactéria Cutibacterium acnes, que vive naturalmente na pele, se multiplica no ambiente rico em sebo do folículo obstruído.

4. Inflamação: A proliferação bacteriana e a ruptura da parede do folículo desencadeiam uma resposta inflamatória do sistema imunológico, resultando nas lesões vermelhas, doloridas e com pus: as pápulas, pústulas, nódulos e cistos.

Fatores como genética, estresse, uso de certos cosméticos ou medicamentos, e dieta (em alguns indivíduos) podem influenciar e agravar esse processo. A acne não é causada por falta de higiene.

Quais são os principais tipos de acne?

A acne se manifesta de diversas formas, que podem coexistir. A classificação leva em conta o tipo de lesão predominante. Conhecer esses tipos ajuda a entender a gravidade e direcionar o tratamento.

  • Acne Grau 1 (Comedônica): Predominam os comedões (cravos), abertos (pontos pretos) e fechados (pontos brancos), sem inflamação aparente. É a forma mais inicial.
  • Acne Grau 2 (Pápulo-Pustulosa): Além dos cravos, há lesões inflamadas: pápulas (espinhas vermelhas e elevadas, sem pus) e pústulas (espinhas com pus na superfície). É o tipo mais comum da acne “vulgar”.
  • Acne Grau 3 (Nódulo-Cística ou Nodular): Caracterizada por nódulos (lesões inflamatórias sólidas, profundas e dolorosas) e cistos (lesões profundas cheias de pus). Tem alto risco de deixar cicatrizes.
  • Acne Conglobata: Forma grave e rara, onde múltiplos nódulos e cistos se interconectam sob a pele, formando abscessos e trajetos sinusais. Causa cicatrizes extensas e deformantes.
  • Acne Fulminante: Uma variante súbita, ulcerativa e febril da acne conglobata, mais comum em homens jovens. Além das graves lesões na pele, causa sintomas sistêmicos como febre e mal-estar, exigindo atenção médica imediata.
  • Acne Inversa (Hidradenite Supurativa): Doença crônica e inflamatória que atinge áreas com glândulas sudoríparas apócrinas (axilas, virilhas, região genital e abaixo dos seios). Caracteriza-se por nódulos profundos, dolorosos e recorrentes que podem drenar pus e formar cicatrizes. Embora compartilhe semelhanças, é uma condição distinta da acne vulgar.
  • Acne da Mulher Adulta: Caracterizada por lesões inflamatórias (pápulas e pústulas) localizadas principalmente na parte inferior do rosto, mandíbula e pescoço. Frequentemente relacionada a flutuações hormonais e pode ser cíclica, piorando no período menstrual.

Como é classificado o grau de severidade da acne?

A classificação por graus orienta a escolha do tratamento pelo dermatologista. Ela leva em conta o tipo, a quantidade e a extensão das lesões, bem como o risco de cicatrizes.

  • Acne Leve (Grau 1 e 2 inicial): Caracterizada principalmente por comedões e algumas pápulas ou pústulas esparsas (menos de 10 a 15 lesões inflamatórias no rosto). O tratamento é feito predominantemente com medicações tópicas e cuidados domiciliares.
  • Acne Moderada (Grau 2 avançado): Presença de numerosas pápulas e pústulas (entre 15 e 50 lesões inflamatórias no rosto), podendo haver alguns nódulos pequenos. A inflamação é mais evidente. Geralmente exige uma combinação de tratamentos tópicos e orais.
  • Acne Grave (Grau 3 e 4): Presença de múltiplos nódulos e cistos dolorosos (mais de 50 lesões inflamatórias, sendo várias profundas). Alto risco de cicatrizes permanentes. O tratamento é sistêmico (oral) e frequentemente requer isotretinoína, além de possíveis procedimentos no consultório.

Quais são os principais tratamentos para a acne?

O tratamento da acne é individualizado e visa controlar a oleosidade, desobstruir os poros, combater a bactéria C. acnes e reduzir a inflamação. A escolha depende do tipo, grau e causa da acne, assim como do tipo de pele do paciente.

1. Tratamentos Tópicos (para acne leve a moderada):

  • Retinóides (Tretinoína, Adapaleno): Derivados da vitamina A, são a base do tratamento. Normalizam a renovação celular, desobstruem os poros e têm ação anti-inflamatória.
  • Peróxido de Benzoíla: Potente agente antibacteriano contra C. acnes e com ação anti-inflamatória e esfoliante leve.
  • Ácido Salicílico: Esfoliante químico que ajuda a desobstruir os poros.
  • Ácido Azelaico: Reduz a inflamação, clareia manchas pós-acne e tem ação antibacteriana. Ótimo para peles sensíveis.
  • Antibióticos Tópicos (Clindamicina, Eritromicina): Usados por períodos limitados para reduzir a bactéria e a inflamação, sempre associados a outros produtos para evitar resistência.

2. Tratamentos Sistêmicos (Orais – para acne moderada a grave):

  • Antibióticos Orais (Doxiciclina, Minociclina): Controlam a inflamação e a população bacteriana. O uso é sempre por tempo determinado.
  • Isotretinoína (Roacutan® e genéricos): Derivado oral da vitamina A, é o tratamento mais eficaz para acne grave e resistente. Reduz drasticamente a produção de sebo e a inflamação. Exige acompanhamento médico rigoroso devido a possíveis efeitos colaterais.
  • Anticoncepcionais Orais e Antiandrógenos: Para mulheres com acne de causa hormonal, ajudam a regular a produção de sebo.

3. Procedimentos no Consultório:

  • Drenagem e Infiltração de Cistos/Nódulos: Alívio imediato da dor e inflamação em lesões profundas.
  • Peeling Químico: Esfoliação profunda para desobstruir poros, uniformizar a textura e clarear manchas.
  • Luz Intensa Pulsada (IPL) e Laser: Reduzem a inflamação e a produção de sebo, além de tratarem manchas e cicatrizes.

O sucesso do tratamento requer paciência (resultados levam de 6 a 12 semanas) e adesão constante. A automedicação pode agravar o quadro e causar resistência bacteriana.

Quais cuidados diários ajudam a prevenir e controlar a acne?

Uma rotina de cuidados adequada é fundamental para complementar o tratamento médico e prevenir novas crises. O foco deve ser na limpeza suave, hidratação e proteção, sem agredir a pele.

Rotina Essencial:

  • Limpeza: Lave o rosto duas vezes ao dia (manhã e noite) com um sabonete ou gel de limpeza suave, específico para pele oleosa/acneica. Evite esfregar com força.
  • Hidratação: Use um hidratante oil-free (livre de óleos) e não comedogênico (que não obstrui os poros). A pele desidratada pode produzir mais sebo.
  • Proteção Solar: O passo mais importante. O sol pode piorar a inflamação e escurecer as manchas. Use diariamente um filtro solar oil-free e não comedogênico, com FPS 30 ou mais.

O que Evitar:

  • Nunca esprema espinhas: Aumenta a inflamação, o risco de infecção e de cicatrizes permanentes.
  • Evite tocar o rosto com as mãos sujas.
  • Lave regularmente itens que tocam seu rosto, como fronhas, celulares e óculos.
  • Cuidado com maquiagens pesadas e oleosas. Prefira produtos “não comedogênicos” e “oil-free”.

Embora fatores como estresse e dieta (especialmente laticínios e alimentos de alto índice glicêmico) possam influenciar a acne em algumas pessoas, não há uma regra universal. Mantenha uma alimentação equilibrada e procure gerenciar o estresse.

A acne tem tratamento. Consulte um dermatologista para um plano personalizado.

tratamento acne 2

Como vimos, a acne é uma condição complexa com múltiplas causas e manifestações. O sucesso do controle depende de um diagnóstico preciso e de um tratamento personalizado, que pode variar desde ajustes na rotina de cuidados até medicações tópicas, orais e procedimentos especializados.

O pior inimigo da pele com acne é a automedicação e a falta de paciência. Produtos inadequados ou o uso incorreto de medicamentos podem piorar a inflamação, causar resistência bacteriana e aumentar o risco de cicatrizes permanentes.

Se a acne está afetando sua qualidade de vida, procure um dermatologista. Esse especialista é o único capacitado para avaliar o seu caso, identificar os fatores envolvidos e prescrever o plano de tratamento mais seguro e eficaz para a sua pele.

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Dra. Juliana Toma – Médica Dermatologista pela Universidade Federal de São Paulo – EPM

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Dra. Juliana Toma

Médica Dermatologista - CRM-SP 156490 / RQE 65521 | Médica formada pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM), com Residência Médica em Dermatologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM), com Título de Especialista em Dermatologia. Especialização em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês. Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA. Ex-Conselheira do Conselho Regional de Medicina (CREMESP). Coordenadora da Câmara Técnica de Dermatologia do CREMESP (2018-2023).

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